Leila assume cargo no DF, pede apoio a ministro e minimiza fator evangélico
O novo ministro, George Hilton, não é o único representante do PRB a administrar verba pública voltada para o esporte em Brasília. A poucos quilômetros de seu gabinete, na Esplanda dos Ministérios, despachará sua correligionária Leila, ex-jogadora de vôlei, nova secretária de esporte do Distrito Federal.
Diferentemente de Hilton e de grande parte dos filiados ao PRB, Leila integra o partido mas não tem ligações com a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), da qual o ministro é pastor. Nem sequer é evangélica. Aliás, foi em uma escola católica de Brasília que a ex-atleta iniciou a carreira, há quase 30 anos.
O partido é conhecido por sua relação próxima com a IURD. Nas últimas eleições, elegeu 54 parlamentares, 20 dos quais tomarão posse na Câmara dos Deputados em fevereiro. Entre esses, 14 comporão a bancada evangélica do Congresso. “Apesar de ser um partido religioso, eles gostam muito de esporte, são muito simpáticos ao esporte”, afirmou Leila, três vezes campeã do Grand Prix com a seleção brasileira nos anos 1990.
Além disso, investe politicamente no esporte. O PRB está nas secretarias de esporte de Minas Gerais, São Paulo, Ceará, além do DF. A indicação de George Hilton para o ministério gerou uma avalanche de críticas à presidente Dilma Rousseff. Ele foi vaiado dentro do Palácio do Planalto, no primeiro dia do ano, quando seu nome foi anunciado no sistema de som. Atletas divulgaram manifesto contra a nomeação. E o próprio Hilton contribuiu para que o coro fosse mais forte ao dizer em sua posse: “Posso não entender profundamente de esporte. mas entendo de gente”.
Alguns poucos dirigentes estavam na solenidade e de atleta de renome, apenas o campeão olímpico Emanuel, do vôlei de praia. Ele é marido de Leila, que também estava no evento. Ela se candidatou a deputado distrital pelo PRB no DF, mas não obteve êxito. "Emanuel achou interessante a cerimônia e tudo que envolveu aquele acontecimento, mas ainda não está completamente interessado nesses assuntos. Ele me apoia muito, sabe que o desafio é grande, sabe que minhas intenções são boas. Ele está na batalha dele para se classificar para Rio-2016 e eu aqui, na minha batalha também", contou ela, que diz ter largado o cargo de gerente no Brasília Vôlei, equipe da capital que disputa a Superliga feminina pela segunda temporada seguida.
Agora, ela defende a atuação do partido no esporte. “Vamos ter um pouco de paciência também. O George [Hilton] está cercado de pessoas boas e está ouvindo todas elas. Ele está ouvindo a todas e isso só vai ajudar sua gestão no esporte”, completou.
Leila contou que ainda não teve a oportunidade de dialogar com o ministro. Antes, porém, ela tem uma difícil missão: gerir uma secretaria sem recursos.
De acordo com anúncio da casa civil do Governo do Distrito Federal nesta terça-feira, 6, a gestão Agnelo Queiroz (PT), encerrada em 31 de dezembro de 2014, deixou um rombo superior a R$ 3 bilhões nos cofres da capital. “Não tenho dinheiro no meu orçamento”, afirmou Leila ao UOL Esporte.
A previsão era de que ela sua pasta administre R$ 132 milhões somente em 2015. Dos quais, 10% seriam exclusivamente para pagamento de pessoal. Mas Leila já anunciou que a tradicional Corrida de Reis, neste mês, nas ruas de Brasília, com a participação de 20 mil competidores, teria de ser cancelada se não houvesse o financiamento da iniciativa privada.
“Vamos recorrer a leis de incentivo e emendas do governo federal”, previu a secretária. Quando perguntada se o fato de o novo ministro ser do seu mesmo partido poderia ajudá-la, Leila sorriu e respondeu: “Tomara”.
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