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Veja oito tentativas frustradas de Brasília para se tornar polo esportivo

Estádio Mané Garrincha foi reconstruído com o intuito de receber a abertura da Copa-14 - Daniel Brito/UOL
Estádio Mané Garrincha foi reconstruído com o intuito de receber a abertura da Copa-14 Imagem: Daniel Brito/UOL

Do UOL, em Brasília

11/02/2015 11h22

Brasília ostenta uma ficha de projetos esportivos mal sucedidos, seja no cenário nacional ou internacional. O mais recente foi a desistência de receber a etapa da Fórmula Indy, em 8 de março, sob a alegação de passar por dificuldades financeiras.

Muitas das ideias se valem do projeto urbanístico da capital federal. Desenhada por Lúcio Costa, nos 1950, Brasília tem por característica reunir grandes praças esportivas no centro da cidade, à margem do Eixo Monumental, uma das duas avenidas que dá a forma de avião ao projeto de Costa, de onde se pode ir caminhando da rodoviária, dos principais hotéis e das áreas residências.

O complexo esportivo, chamado Ayrton Senna, possui um estádio de futebol, dois ginásios poliesportivos, um complexo aquático, e um autódromo. De todas essas áreas, um dos ginásios (Claudio Coutinho) e o autódromo (Nelson Piquet) estão sem condições de receber eventos. O primeiro está abandonado há mais de uma década. A arena automobilística está em ruínas desde a paralisação das obras para receber a Indy.

O UOL Esporte elencou as principais tentativas frustradas da cidade de se transformar num polo esportivo.

1 - Brasília-2000

Brasília-2000 - Divulgação/paulooctaviodf.com.br - Divulgação/paulooctaviodf.com.br
Paulo Octávio, a mulher, Anna, e Roberto Marinho, na campanha de Brasília-2000
Imagem: Divulgação/paulooctaviodf.com.br
No início dos anos 1990, a cidade lançou candidatura para receber os Jogos Olímpicos de 2000. No lançamento da campanha, o então presidente da Fifa, João Havelange, chegou a chorar de emoção. O responsável pelo movimento era Paulo Octávio, que anos mais tarde seria governador do Distrito Federal durante o escândalo conhecido como Mensalão do DEM (Democratas). Mas bastou uma visita da comissão de avaliação do COI (Comitê Olímpico Internacional) à cidade para concluir que “não havia instalações à altura de receber os Jogos”. Assim, Brasília nem chegou a ser citada na assembleia do COI para definição da sede, que acabou ficando com Sydney. Os australianos derrotaram Pequim, Manchester, Berlim e Istambul.

2 - Velódromo de Brasília
Um velódromo que deveria ser um centro de referência nacional na área do Complexo Esportivo Ayrton Senna chegou a ser anunciado oficialmente pelo então ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, em 2006. “O espaço atende a todos os requisitos olímpicos e será um dos mais modernos no país. Com a verba já liberada, a obra terá início imediato e a previsão de termino é de no máximo seis meses”, previra Agnelo, citando o valor de R$ 1 milhão pela obra. Presidentes de 23 federações estaduais participaram do evento. O local jamais foi centro de excelência para o ciclismo de pista e hoje serve como estacionamento para o Estádio Mané Garrincha.

3 - Mundial de Patinação-2011

Mundial de Patinação - José Cruz/UOL - José Cruz/UOL
Dirigentes, atletas e comissão técnica enxugam pista no Mundial de Patinação
Imagem: José Cruz/UOL
Mais de mil patinadores de 36 países passaram por momentos constrangedores no Mundial da modalidade, realizado em novembro de 2011 no ginásio Nilson Nelson. A arena não tinha condições mínimas de higiene nos banheiros, segundo relatos de alguns atletas, muitas apresentações tiveram de ser canceladas em razão de diversas goteiras. A competição chegou a ser interrompida e provocou a revolta do público que, no dia do encerramento, abriu guarda-chuvas na arquibancada para protestar.

4 - Estádio Mané Garrincha
Estádio mais caro da Copa, com valor estimado em R$ 1,6 bilhão, de acordo com o Tribunal de Contas do DF, tinha como pretensão receber a abertura da Copa do Mundo-2014. Recebeu a abertura da Copa das Confederações-2013. Não fosse pelos sete jogos que recebeu do Mundial da Fifa, jamais conseguiria atingir sua lotação máxima, de 72 mil espectadores. Despediu-se de 2014 com jogos sem público no anel superior das arquibancadas, por falta de público, mesmo trazendo equipes da Série A para jogar no DF. Enquanto isso, no campeonato profissional de Brasília, a soma do público presente nas 23 primeiras partidas já realizadas no certame não é capaz de preencher 15% dos assentos do Mané Garrincha.

5 - Gymnasíade-2013
O GDF informou ter gastado R$ 7 milhões para receber, em 2013, a Gymnasíade, uma espécie de jogos escolares mundiais, que perdeu totalmente sua relevância desde que o COI (Comitê Olímpico Internacional) criou os Jogos Olímpicos da Juventude, em 2010. Divulgação quase nula, utilização de arenas precárias e resultados inexpressivos foram a tônica da Gymnasíade. Entre as disputas, constavam modalidades como karatê, xadrez e ginástica aeróbica, que não fazem parte do programa dos Jogos Olímpicos.

6 - Motogp-2014
Em 2013, Brasília se apresentou para receber uma etapa da Motogp na temporada 2014. A FIM (Federação Internacional de Motociclismo) chegou a incluir a cidade no calendário e a prova seria em setembro no Autódromo Nelson Piquet. Após uma visita para vistoria de técnicos da FIM, foram pedidas reformas na pista, nos boxes, na área para imprensa, área para alimentação dos pilotos e do público além de melhorias na sinalização. Diante disso, o então governador, Agnelo Queiroz, teve de pedir para que a cidade fosse excluída do campeonato, porque não haveria tempo para cumprir todas as exigências.

7 - Indy-2015

indy-2015 - Daniel Brito/UOL - Daniel Brito/UOL
Autódromo está sem pista e sem boxes desde o cancelamento da Indy
Imagem: Daniel Brito/UOL
O MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) recomendou que o GDF cancelasse a realização da etapa da Fórmula Indy em Brasília, no próximo 8 de março, porque o contrato era  repleto de irregularidades e "lesivo aos cofres públicos". O MPDFT levou em consideração a situação financeira da capital federal, que decretou estado de emergência na gestão da saúde pública, além de não pagar férias e 13º salário de boa parte dos servidores, e outros compromissos. O primeiro edital de licitação para obra, feito na gestão Agnelo Queiroz, girava em torno de R$ 300 milhões. Mas foi suspenso pela Justiça por conter irregularidades. A realização do evento estava na casa dos R$ 43 milhões.

8 - Universíade-2019
Em janeiro de 2014, o GDF informou oficialmente à Fisu (Federação Internacional de Esporte Universitário) que Brasília declinou da realização dos Jogos Mundiais Universitários, as tradicionais Universíades, em 2019. Motivo da desistência: o contrato de 23 milhões de euros (R$ 75 milhões), que seriam pagos à FISU pelo governo de Agnelo Queiroz, encerrado em 31 de dezembro, não foi quitado. Brasília conquistou a sede da Universíade em novembro de 2013, após uma disputa sem concorrência, já que Baku, no Azerbaijão, e Budapeste, na Hungria, retiraram suas candidaturas. O Ministério do Esporte foi acionado para tentar manter no Brasil a realização do evento.