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Empresa de Léo Moura fecha 3º contrato e vai receber R$ 9,2 milhões do RJ

Léo Moura posa ao lado de secretário Cabral (esq.) em escolinha paga pelo governo - Divulgação
Léo Moura posa ao lado de secretário Cabral (esq.) em escolinha paga pelo governo Imagem: Divulgação

Vinicius Konchinski*

Do UOL, no Rio de Janeiro

14/04/2015 06h00

Os meses de março e abril foram especialmente bons para o lateral Léo Moura. E não pela sua transferência para o Fort Lauderdale Strikers, dos Estados Unidos. Longe dos gramados, o ex-jogador do Flamengo negociou três contratos com o governo do Rio de Janeiro --todos sem licitação. Em menos de 30 dias, garantiu R$ 9,2 milhões para sua empresa: a Costa e Moura Assessoria e Marketing Esportivo. Tudo autorizado por políticos apoiados por Léo nas eleições de 2014.

Os três os acordos foram firmados por meio da Seelje (Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude). O primeiro é de R$ 1,85 milhão; o segundo, de R$ 3,66 milhões; e o terceiro --firmado no início deste mês--, de R$ 3,73 milhões. Todos preveem a criação e manutenção de núcleos da Escolinha de Futebol e Cidadania Léo Moura em municípios do Estado por um ano.

A Seelje é comandada pelo deputado federal licenciado Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sergio Cabral. Em sua campanha nas eleições de 2014, Marco Antônio contou com o apoio declarado de Léo (assista a vídeo abaixo).

Léo também fez campanha para o atual governador Luiz Fernando Pezão e para o ex-secretário de Esportes, André Lazaroni, no ano passado. De acordo com a Seelje, entretanto, a contratação de sua empresa em nada tem a ver com a ajuda política do jogador aos governantes do Estado.

Segundo o órgão, o contrato com a Costa e Moura foi feito sem licitação para garantir que a carreira de Léo sirva de exemplo a jovens do Estado. "A secretaria entende pela necessidade de utilizar a imagem e a popularidade do atleta como exemplo de vida e ascensão social, incentivando as crianças e jovens a se manterem na vida esportiva, contribuindo com a formação humanística e profissional dos jovens", justificou o órgão.

O UOL Esporte questiona a Seelje desde a assinatura do primeiro contrato entre o órgão e a Costa e Moura. No final de março, quando o órgão assinou o segundo acordo com a empresa, a secretaria foi perguntada se mais contratos seriam fechados. A Seelje respondeu que não. Depois, firmou o acordo de R$ 3,7 milhões.

Léo Moura e a empresa Costa e Moura Assessoria e Marketing Esportivo foram procurados pelo UOL Esporte em três oportunidades para comentar seus contratos com o governo. Nunca responderam.

Contratos em meio à crise

Todos os contratos com a companhia foram firmados num momento em que o governo tem reduzido seus investimentos no esporte. No início de 2015, o Seelje anunciou a suspensão de um projeto lançado para ser o "maior legado social" da Olimpíada de 2016: o Esporte RJ.

A ação atendia cerca de 300 mil pessoas, em 700 municípios fluminense. Por falta de dinheiro, ela foi paralisada por meses em 2013 e novamente neste ano.

O Esporte RJ foi retomado no início de abril. Ele, porém, teve que ser reduzido devido a restrições orçamentárias. A organização social Zico 10, por exemplo, tinha 375 núcleos de atendimento do Esporte RJ até o ano passado. Retomou o projeto com apenas 40 núcleos.

"Reduzimos em 90% o número de pessoas atendidas com esse novo orçamento. Esperamos que, no futuro, o projeto volte a crescer", disse Fabio Sodré, diretor do Zico 10. "O Esporte RJ é um projeto ligado à Olimpíada. O governo sabe de sua importância e prometeu ampliá-lo."

A Seelje informou que o investimento nas Escolinhas de Léo Moura não tem influência no andamento do Esporte RJ já que eles têm fontes de recursos distintas. Disse ainda que as escolinhas são apoiadas pelo Estado desde 2013. Os termos deste ano são renovações de contratos da gestão passada, de Lazaroni.

'Não fez campanha'

O secretário Marco Antônio Cabral falou nesta terça-feira (14) sobre os contratos com a empresa de Léo Moura, pela primeira vez. Cabral ratificou a legalidade dos acordos firmados com a Costa e Moura. Ainda negou que Léo tenha feito campanha eleitoral para ele.

"Ele [Léo Moura] não é meu cabo eleitoral. Não fez vídeos para minha campanha", Cabral, ignorando peças veiculadas em sua próprio perfil do Facebook. "Se há alguém dizendo que ele pediu voto para mim, não ocorreu."

O secretário conversou com a imprensa nesta manhã, durante um fórum sobre esporte realizado no Rio. Após suas declarações, jornalistas mostraram ao secretário o vídeo em que Léo Moura pede votos a ele, publicado em seu Facebook. Ele, então, disse que o material foi divulgado por sua assessoria e reforçou que não teve ligação com os contratos com a Costa e Moura Assessoria e Marketing Esportivo.

*Atualizada às 15h

LÉO MOURA FAZ CAMPANHA POR SECRETÁRIO CABRAL