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Milionário do pôquer jogou carreira pro alto e conta o que fará com prêmio

Thiago Decano se tornou o terceiro brasileiro a vencer uma etapa do Mundial de Pôquer - Divulgação
Thiago Decano se tornou o terceiro brasileiro a vencer uma etapa do Mundial de Pôquer Imagem: Divulgação

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

23/06/2015 10h56

Trocar uma carreira em ascensão para se dedicar integralmente a um jogo ainda considerado por muitos como “de azar” é uma aposta arriscada para qualquer um. Para Thiago "Decano" Nishijima, foi o que o tirou de um trabalho como bancário e o levou a uma mesa de pôquer em Las Vegas, para ser o terceiro brasileiro a vencer uma etapa do Mundial e ainda faturar uma premiação de nada menos que R$ 1,7 milhão.

Para chegar lá, o brasileiro teve de vencer a desconfiança da família, que o viu jogar não só a carreira no banco mas também uma faculdade de Direito que cursou até o último semestre. Agora, pode curtir o polpudo cheque que será depositado em sua conta e garante que parte não será só para ele - já que ele se casará em 2016.

Decano - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
O jogador de pôquer Thiago Decano está noivo de Marina Seganfredo, que acompanhou sua jornada pelo título da etapa do último fim de semana do Mundial de Pôquer, em Las Vegas
Imagem: Arquivo Pessoal

“Eu trabalhava no Banco do Brasil havia nove anos, e tinha uma boa carreira, era gerente de contas, com perpectivas de crescimento. Porém, pergunte a qualquer criança: ‘o que você quer ser quando crescer?’ Ninguém vai responder que quer ser bancário, né? (risos). Quanto à faculdade de direito, eu preferi não me formar. Estava no auge do desenvolvimento da minha carreira no pôquer e precisava ter foco”, contou ele, ao UOL Esporte.

Um amigo foi quem introduziu Thiago ao pôquer, o que fascinou o paulistano. Mas foi perdendo uma boa grana logo de cara que ele entendeu que as coisas não seriam simples. “No início depositei 100 dólares num site de pôquer. Em poucas horas tinha 300. Pensei: ‘Uau, eu jogo muito bem!’. No dia seguinte, estava zerado (risos). Isso foi ótimo, para eu perceber que se eu quisesse realizar o sonho de ser profissional de pôquer eu teria que estudar e me dedicar demais”.

Jogar pôquer exige muita leitura, principalmente de livros que falam das estratégias que podem ser usados em competição. Thiago foi tão longe, que hoje treina jogadores e é coaching.

“Minha saída do banco foi planejada: durante um ano, juntei a grana das premiações para ter um fluxo de caixa compatível com os valores das inscrições dos torneios. Minha mãe me via jogando na internet, mas não dava muita bola. Certo dia, ao tomar a decisão maluca de sair do banco para me dedicar ao pôquer, comuniquei a ela. Ficou pasma. Mas eu já tinha 27 anos, ela sabia que eu era responsável e me apoiou. Qualquer mãe pai ficaria angustiada e com pé atrás. É normal”, disse ele.

Vitória e prêmio

Thiago ainda está comemorando sua vitória, e não decidiu como usará toda a sua premiação. Parte, do dinheiro, no entanto, ele já sabe exatamente para onde vai: “Tenho um casamento para pagar ano que vem”, riu o paulistano, que teve o apoio da noiva em Las Vegas durante a mesa final desta etapa do WSOP.

O brasileiro contou que aprendeu a lidar melhor com a precisão de ir a uma briga pelo bracelete de ouro e se viu mais calmo neste ano.

“Um fator determinante foi o fato de eu já ter feito outras duas mesas finais de WSOP. Nessas oportunidades, eu estava me cobrando muito a primeira colocação e colocava um peso gigante nas minhas próprias costas. Nesse torneio, eu estava tão calmo e confiante que parecia que estava jogando um home game de dez reais”, disse ele.

“Em Las Vegas, rive que jogar o meu melhor pôquer. Estive com poucas fichas uma boa parte do torneio, mas sempre focado e confiante. Cheguei na mesa final com o menor número de fichas. Porém, em poucos minutos eu já havia dobrado duas vezes e aí consegui impor o meu ritmo de jogo”, concluiu o campeão. A conquista do último fim de semana colocou Thiago Decano como terceiro brasileiro a atingir tal feito, ao lado de André Akkari (2011) e Alexandre Gomes (2008).