Astro da luta será indenizado em R$ 416 milhões por vídeo íntimo publicado
A disputa judicial entre o ex-lutador Hulk Hogan e o jornalista Nick Denton segue longe de um desfecho. O jornalista, que é editor do conglomerado de comunicação Gawker, foi processado pelo ex-atleta após ser o responsável pela publicação de um vídeo de sexo entre Hogan e a esposa de DJ Bubba Clem, Heather Cole.
O processo movido por Hulk Hogan pedia indenização de US$ 115 milhões (aproximadamente R$ 416 milhões) por invasão de privacidade. O juiz que avalia o caso já deu parecer favorável ao ex-lutador, mas ainda cabe recurso contra a decisão. Caso seja punido com tal quantia, o grupo de comunicação poderá decretar a falência de algumas das publicações que são geridas pelo conglomerado. Atualmente, existem nove publicações sob gestão da Gawker.
Durante as últimas três semanas, jurados avaliaram as ações de Denton e de AJ Daulerio, um ex-editor do grupo Gawker, que foram os responsáveis pela decisão de publicar o vídeo. A relação entre Hogan e Heather foi consensual e com anuência do marido, que autorizou o ato em troca de US$ 5 mil (aproximadamente R$ 18 mil), mas a publicação das imagens não havia sido permitida.
A Gawker alegou que estava no seu direito de publicar as imagens, mas os jurados ficaram ao lado de Hogan, que chegou a chorar ao ouvir a sentença ser decretada após seis horas de deliberações. Esta não foi a primeira polêmica envolvendo publicações do conglomerado, que também revelou informações pessoais de jornalistas norte-americanos.
Em entrevista ao site The Guardian, a advogada Samantha Barbas, que também é professora na Universidade de Buffalo, declarou que a decisão favorável a Rogan indica a mudança no pensamento da população em relação à invasão de privacidade.
“As pessoas perceberam o tamanho do dano que o discurso da internet pode causar, e está ficando cansada da mídia e ficando muito mais ao lado da privacidade pessoal. O público está ficando desencantado com a liberdade de discurso e esse veredito é um reflexo disso”, declarou a advogada, relembrando também as recentes leis que foram aprovadas proibindo a “vingança pornográfica”, que tem ficado cada vez mais comum.
Denton ainda tentou argumentar que as atividades sexuais de Hogan eram “legitimamente do interesse público”, mas o júri não aceitou a explicação do editor.
“Nós acreditamos que a história tinha valor. E aquilo era verdade, é uma história dita honestamente, e aquilo era interessante para milhões de pessoas”, declarou Denton.
Agora, o empresário precisará apelar da decisão do caso, sob argumentos de que os jurados não deram a oportunidade de Clem, que seria uma testemunha chave no processo, dar a sua versão dos fatos.
“Nós estamos muito confiantes em relação à apelação e já começamos a preparar as informações, pois esperamos vencer esse caso de forma definitiva”, declarou Denton por meio de um comunicado oficial.
A equipe de advogados de Hogan celebrou a decisão por meio de um comunicado oficial e ressaltou que o veredito é uma mensagem para o público que repudia a invasão da vida pessoal das celebridades disfarçada de jornalismo.
“Mesmo alguém que é uma pessoa pública merece o direito à privacidade em suas próprias vidas íntimas. É uma decisão importante.”
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