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Trotes violentos provocam investigação contra equipe de hóquei na Argentina

"Batismos" incluiam golpes de cinta nas costas (foto) e de taco nas solas dos pés - Reprodução
'Batismos' incluiam golpes de cinta nas costas (foto) e de taco nas solas dos pés Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

21/10/2016 18h29

San Juan é uma província pacata do oeste da Argentina. Faz fronteira com o Chile e é conhecida por sua produção agrícola – em especial por suas vinícolas à beira da Cordilheira dos Andes.

No entanto, nos últimos dias, os sanjuaninos foram apresentados a rituais violentos, compartilhados em redes sociais. Os protagonistas são jovens jogadores de hóquei na grama, todos com idades entre 13 e 15 anos. 

As primeiras imagens divulgadas na quarta-feira (19) trazem um jovem atleta vendado, sem camisa, sentado a uma cadeira enquanto recebe golpes de cinto nas costas. Os atos seriam uma espécie de cerimônia de batismo dos novatos na seleção sub-16 de hóquei na grama da província de San Juan e teriam sido gravados em um alojamento.

Segundo relatos, a prática não é nova. “Quando me batizaram, tiraram minha roupa íntima e fingiram que iam me estuprar. Achei que ia morrer, mas aguentei firme”, disse o atleta, sem se identificar, ao jornal Diario de Cuyo.

De acordo com dirigentes esportivos locais ouvidos pela publicação, os trotes são comuns, mas adotam sempre práticas não-violentas – como cortes de cabelo – e só são realizadas com o consentimento de atletas, pais e treinadores. Por regra, há sempre a supervisão de um adulto nos trotes.

“Há pais que telefonam ao clube para saber quando será o batismo de seu filho. É que tanto eles quanto os jogadores levam este ritual como um sentimento de pertencimento e de boas-vindas”, declarou um dos treinadores entrevistados.

Relatos de atletas, porém, confirmam as práticas violentas dos trotes registrados em imagens. Segundo fontes ouvidas pela imprensa argentina, há jogadores que tem pêlos arrancados e recebem golpes com tacos de hóquei nas solas dos pés, que não ficam com marcas.

A mãe de um dos atletas agredidos afirmou inclusive que um preparador físico (adulto) acompanhava as agressões. Segundo ela, o preparador em questão desafiava atletas com trava-línguas, e os agredia em caso de erros. Ela afirma que há vídeos de agressões contra pelo menos 11 jogadores.

Represálias

Diante da repercussão, a Asociación Sanjuanina de Hóquei Sobre Grama prometeu investigar o caso. Os agressores foram identificados como atletas do clube Lomas de Rivadavia.

“Vamos tomar as medidas necessárias e fazer com que os jogadores sejam responsabilizados, que tomem ciência da agressão. Colocaremos à disposição uma psicólogca esportiva”, aifrmou Mario García, presidente da associação citada, em entrevista ao jornal Tiempo de San Juan.

O responsável pela filmagem não foi identificado, mas teria sido agredido em novo vídeo divulgado pelos atletas. No segundo vídeo, o atleta – supostamente responsável pelo vazamento das imagens – é encurralado em seu dormitório e agredido por um companheiro, que o atinge com calçados e o golpeia com um taco.

Vale destacar que a seleção argentina masculina de hóquei na grama é a atual campeã olímpica. Na final da Rio-2016, a equipe venceu a Bélgica por 4 a 2 e conquistou sua primeira medalha de ouro na modalidade.