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Como treinar como um atleta da America's Cup

Equipe Oracle Team USA, na America"s Cup - Gilles Martin-Raget/ACEA via AP
Equipe Oracle Team USA, na America's Cup Imagem: Gilles Martin-Raget/ACEA via AP

Alyssa Shelasky

01/06/2017 16h04

(Bloomberg) -- Quando você se inscreve para o "treino America's Cup" no hotel Hamilton Princess, nas Bermudas, base do Oracle Team USA que disputará a regata neste mês, não se engane. Você não vai chegar nem perto de igualar a superioridade física desses atletas.

Um exemplo é Ky Hurst, um dos mais novos membros da equipe da Oracle. Aos 15 anos, ele foi a pessoa mais jovem da história a se qualificar para o circuito profissional Ironman. Aos 17, ganhou sua primeira séria do Ironman. Pouco depois, conquistou uma medalha de prata no Campeonato Mundial de Natação em Águas Abertas, depois representou a Austrália nos Jogos Olímpicos de 2008 em Pequim e novamente em Londres, em 2012. Recentemente, ele foi incluído no Hall da Fama do Ironman Australia. "O oceano é a minha religião", diz ele.

Hurst entrou no time da Oracle neste ano como grinder em sua primeira incursão oficial na vela profissional. Em um sentido bastante básico, a função implica girar uma manivela pesada, ou uma roda giratória, em movimentos para frente a uma velocidade feroz. Tecnicamente falando, os grinders pressurizam o sistema hidráulico que move uma vela chamada wing sail e as bolinas. Esses catamarãs de casco duplo e 48 pés (14,6 metros) têm uma vela de 23,4 metros que sai da água em hidrofólios, e pode alcançar velocidades de mais de 80 quilômetros por hora.

Hurst e seus colegas de equipe se concentram em um treino conciso de preparação para a exaustiva e completa experiência da vela profissional. O aquecimento dele consiste em cerca de 2,4 quilômetros de natação, alongamento sólido e 30 minutos no grinder. Segundo Hurst, essa pequena série serve apenas para aquecer os pulmões. O treino principal compreende mais duas horas e meia de natação, três horas de vela e depois uma série completa de CrossFit na academia, em terra.

No Hamilton Princess & Beach Club, que acaba de passar por uma reforma de US$ 100 milhões e é o hotel organizador oficial da competição, os treinos inspirados na America's Cup ocorrem apenas uma vez por semana nesse clube com praia privada no fim de junho, quando a competição termina. A aula custa US$ 25 por pessoa.
Pense nesse treino de uma hora como uma versão muito leve do realizado por Hurst. Ele combina série intensa de cardio com exercícios também intensos na água, mas também é personalizado de acordo com o nível físico de cada participante. (Como eu, que antes estava bem fisicamente, mas me sinto exausta após ser mãe recentemente).
A aula começa com um aquecimento de 5 minutos em uma enseada íngreme com vista para o mar. Depois, são 20 minutos de sprints em torno da praia e subidas e descidas pelas dunas. Martina Carstairs, personal trainer da Exhale que ensina o treino inspirado na America's Cup no Hamilton Princess, diz que o objetivo principal da série é alcançar ROM (amplitude de movimento) completo nos ombros, de forma similar aos velejadores quando estão no grinder. Depois vem um circuito de 20 minutos em terra focado em braços, coxas, nádegas e abdômen. Também conhecido como grinder central.

No fim há uma opção de 15 minutos no oceano. Os hóspedes que estão em melhor forma podem se equilibrar de pé em pranchas com Carstairs. "Os velejadores conhecem seu centro de gravidade muito bem simplesmente pelas horas que passam na água indo para frente e para trás e de um lado para o outro no barco", diz ela, que por isso gosta de imitar a atividade.

Carstairs diz que os clientes têm a maior satisfação e queimam na medida certa remando com o rosto para baixo em uma prancha de paddle. Isso realmente parece divertido. Mas eu pulei essa parte do treino porque fiz algo que Ky Hurst jamais faria: esqueci meu traje de banho.