Prisões e mordida contra Putin: como a lenda Kasparov curtiu aposentadoria
Ele foi preso diversas vezes, respondeu acusação por morder um policial e se tornou um ícone da oposição ao poderoso presidente russo Vladimir Putin. O currículo desse ativista, na verdade, é um complemento ao currículo de uma lenda do xadrez. Garry Kasparov dominou o jogo e mergulhou na política ao se aposentar. Agora, ele está de volta aos tabuleiros.
Na última semana, Kasparov anunciou que irá disputar em agosto um torneio em Saint Louis, a capital norte-americana do xadrez. Depois de 12 anos fora das competições, ele voltará à ativa na função que o consagrou mundialmente, tornando-se um ícone do xadrez nos anos 1980 e 90.
Mas desde que se aposentou, em 2005, Kasparov deixou de ser “só” um ícone do xadrez para se tornar uma das principais vozes contra Vladimir Putin. O popular russo começou até uma caminhada para se candidatar à presidência de seu país, mas não conseguiu cumprir os requisitos básicos exigidos pelas leis locais.
Esse momento decisivo e turbulento aconteceu em 2007. Kasparov surgiu como uma opção para concentrar a oposição a Putin. Nesse processo, acabou duas vezes preso no mesmo ano. Na primeira, foi um dos cerca de 200 manifestantes presos em protesto contra o governo, ficando aproximadamente dez horas sob custódia.
O caso mais grave, no entanto, foi em novembro. Kasparov foi preso e condenado a cinco dias de reclusão por organizar uma manifestação irregular, resistir à prisão e cantar gritos contra o governo. O protesto em questão era pela democracia na Rússia.
“Tudo o que vocês ouviram é uma mentira. Todos meus direitos foram violados desde o início”, declarou ele na época, alegando que ser vítima de uma perseguição do governo Putin por ser oficialmente de oposição.
A candidatura à presidência deu errado, mas o enxadrista seguiu empenhado na política. Participou de diversas manifestações e intensificou sua briga pelo direito à oposição. Em 2012, mais uma prisão, desta vez num protesto contra a condenação de integrantes da banda Pussy Riot.
Essa prisão foi tão ou mais midiática que as anteriores. Isso porque Kasparov foi acusado de morder um policial ao ser abordado na manifestação. Assim, poderia ser preso por até cinco anos, pena muito mais grave que os 15 dias por, mais uma vez, ter liderado uma manifestação considerada irregular pelo governo. O ex-campeão mundial de xadrez, no entanto, conseguiu escapar da condenação.
Próximo a diferentes governos norte-americanos, Kasparov recentemente se posicionou contra decisões do atual presidente Donald Trump. Agora, retornará ao país em aparente "missão de paz": ele irá apenas reencontrar os tabuleiros de xadrez de uma competição.
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