Ídolo de R10, "Pelé do futevôlei" criou Whatsapp da "resenha" dos boleiros
Fábio Alves Soares, 38, tinha acabado de chegar ao aeroporto do Rio de Janeiro (RJ) para participar de um programa de TV. Não teve recepção de celebridade e tampouco precisou driblar um exército de paparazzi, mas uma cena daquela tarde exemplifica bem a relevância que ele tem. Conhecido como Bello por causa da época em que descoloria os cabelos como o ex-vocalista do grupo Soweto, o jogador de futevôlei foi abordado por Deivid, 37. Do ex-jogador de Santos, Corinthians, Flamengo e Cruzeiro, ouviu que tinha um fã na cidade e recebeu um convite para ir à casa de Ronaldinho Gaúcho, 37, eleito pela Fifa o melhor jogador de futebol do mundo em 2004 e 2005.
Você pode até não saber quem é Bello, mas ele é uma estrela entre os boleiros. Ídolo de muitos deles, o jogador que é chamado há anos de "Pelé do futevôlei" foi um dos idealizadores do grupo de WhatsApp "Gigantes da Resenha", que começou como um espaço para falar de futebol com Elano, hoje auxiliar-técnico do Santos. O ex-lateral Roberto Carlos foi incluído, e depois entraram nomes como Denilson, Caio Ribeiro e Neymar. Também há integrantes que não têm nada a ver com a bola nos pés, como o levantador Bruninho e os músicos Alexandre Pires, Fernando Pires, Marcos & Belutti e Thiaguinho.
"Só os picas, tirando eu", brincou Bello em entrevista ao UOL Esporte. "Virou um grupo de amigos. Ali marcamos encontros, falamos de futebol, agendamos para jogar futevôlei. Podemos falar de tudo sem preocupação", completou.
Por contar com vários integrantes famosos, o grupo tem uma série de restrições planejadas para evitar que o conteúdo vaze. É proibido mandar vídeos, por exemplo, e existe um forte controle sobre todos os assuntos debatidos. "É difícil reunir todo mundo por causa da agenda, mas a gente também usa aquele espaço para combinar um encontro quando dá", contou o jogador de futevôlei.
O grupo de WhatsApp é apenas uma demonstração do vínculo que Bello mantém com boleiros famosos. As redes sociais do jogador de futevôlei também funcionam como registros nesse caso.
"Costumo dizer que os hobbies de todo jogador de futebol são jogar futevôlei e jogar futebol no videogame. O Elano, o Fábio Luciano, o Alex Dias e o Mancini me impressionaram bastante. O Gaúcho também joga bem, mas eu não vi pessoalmente. Ah, e o Magrelo é outro que joga muito", disse Bello em alusão ao atacante Neymar, hoje no Barcelona. "Na época do Santos, quando ele era bem novinho, jogamos uma ou duas partidas. Agora não dá mais. O homem tá demais", adicionou.
Bello nasceu em União dos Palmares, no interior de Alagoas. Na adolescência, jogava voleibol e trabalhava para complementar o orçamento da família. Vendia em feiras livres doces feitos pela mãe e limpava quintais com enxadas.
Numa tarde, Bello foi chamado para limpar o quintal do então prefeito da cidade. "A esposa dele me pediu para subir numa árvore e pegar uma gruta. Quando eu subi, o galho quebrou comigo. Quebrei os dois braços de uma vez e fiquei com receio de dar continuidade ao voleibol", explicou.
Foi assim, da impossibilidade de praticar a modalidade que já fazia parte de sua rotina, que nasceu a relação de Bello com o futevôlei: "Comecei a ver e gostar. Não saía da quadra. Vivia isso 24 horas por dia e às vezes até esquecia de vender os docinhos da minha mãe".
Foram os docinhos da mãe, contudo, que viabilizaram uma mudança de vida para o alagoano. Após ter sido o quinto colocado de um Campeonato Brasileiro disputado em Arapiraca, Bello recebeu dois convites para se mudar para o Rio de Janeiro, berço do futevôlei. Comprou passagem de ônibus com dinheiro oriundo da comercialização dos alimentos.
No Rio, Bello passou cinco meses na casa de Cabeção, jogador de futevôlei que havia feito um dos convites. Morou com o filho do atleta e uma menina que tomava conta da casa em um imóvel na favela da Rocinha.
"Aí consegui um patrocinador e fui viver de frente para o mar", contou Bello, que depois migrou para Copacabana, bairro da zona sul: "Eu não tinha noção. Sou do interior de Alagoas e não tinha viajado para lugar nenhum. Era tudo muito novo. Larguei família, amigos, tudo. Saí com uma mochila nas costas, e naquela época a visibilidade era pequena. Minha família não tinha muita noção e queria que eu estudasse".
Anos depois, contudo, Bello mostrou à família que era possível triunfar por outro caminho. Venceu 29 etapas do Campeonato Brasileiro e nove do Mundial de futevôlei, números que não são comparáveis a nenhum outro talento da modalidade. Também aproveitou o circuito do esporte no Rio de Janeiro para criar uma rede de relacionamentos com alguns dos principais jogadores do futebol nacional.
"Tenho muita amizade com jogadores de futebol, e todos querem jogar comigo. Sou considerado o Pelé do futevôlei há um tempinho, já. Acho que tem uns seis anos que as pessoas me tratam assim. Pelo menos é o que dizem, né", disse o jogador.
Atualmente, além do esporte, Bello mantém um centro para prática de futevôlei em São Paulo e ganha dinheiro com palestras. O jogador ainda pretende seguir no esporte por pelo menos dois anos.
Nesse período, uma das ideias de Bello é trabalhar para popularizar mais o esporte. Para isso, o jogador aposta fortemente em vídeos com algumas das principais jogadas. Foi assim, a partir de publicações na internet, que Ronaldinho Gaúcho soube quem ele é.
"Antes eu era mais conhecido pelo povo do futevôlei e por alguns jogadores, mesmo. Hoje já está um pouco mais avançado: tem pessoas que não praticam, mas estão conhecendo e pedem para tirar foto", disse o jogador.
Bello só não conseguiu dividir a quadra com Ronaldinho Gaúcho. No dia em que foi convidado por Deivid e visitou a casa do ex-jogador do Barcelona, o ex-melhor do mundo dos gramados estava machucado. "Isso eu ainda tenho que fazer", finalizou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.