Cabral pagou US$ 2 milhões para comprar voto na Olimpíada, diz MPF
O Ministério Público Federal do Rio comunicou nesta terça-feira que o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, teria pagado US$ 2 milhões (R$ 7,4 milhões na cotação atual) para comprar voto na escolha do Rio de Janeiro para sede da Olimpíada.
O dinheiro teria sido repassado em outubro de 2009 para o então presidente da Federação Internacional de Atletismo, o senegalês Lamine Diack, que tinha direito a voto.
Cabral está preso em Bangu desde novembro de 2016, suspeito de receber propina em contratos públicos, conforme apuração da operação Lava Jato.
Segundo o MPF, Cabral montou esquema criminoso que envolvia Carlos Arhtur Nuzman, Arhtur Soares, conhecido como “Rei Arthur”, e a sua sócia Eliane Pereira Cavalcante.
“Trata-se de um esquema altamente sofisticado, que agia internacionalmente com desenvoltura e uma engenhosa e complexa relação corrupta”, diz o comunicado do MPF/RJ.
MPF diz que "Rei Arthur" entrou no esquema porque visava contratos com governo
O pagamento de US$ 2 milhões veio da empresa Matlock Capital Group, do empresário “Rei Arthur”. O empresário mantinha contratos com o governo do Rio de Janeiro, dividindo propinas com Cabral.
Segundo o MPF, para compensar os US$ 2 milhões que saíram de sua empresa, "Rei Arthur" deduziu dívida de esquemas de propinas que tinha com Cabral.
“Ele nada mais fez do que repassar a propina que pagaria a Sérgio Cabral diretamente para o senegalês, em troca dos votos pela escolha da cidade-sede das Olimpíadas de 2016. Somadas as investigações realizadas pelos Ministérios Públicos Brasileiro e Francês, temos o ciclo completo de como ocorreu a venda de voto para escolha da sede dos Jogos Olímpicos de 2016”, destacam os procuradores da força-tarefa Leonardo Cardoso de Freitas, José Augusto Simões Vagos, Eduardo Ribeiro Gomes El Hage, Rodrigo Timóteo da Costa e Silva, Rafael Barretto dos Santos, Sérgio Luiz Pinel Dias, Fabiana Schneider e Marisa Varotto Ferrari.
O MPF diz que "Rei Arthur" tinha interesse direto no esquema, pois vislumbrava, em troca, maior entrada em contratos do Estado do Rio de Janeiro.
O MPF acrescenta: “Neste grande esquema ganha-ganha, Arthur Soares é mais um dos integrantes dessa grande organização criminosa. O esquema criminoso completa-se com a ponta faltante: a atuação do Comitê Olímpico Brasileiro, por atuação de Carlos Arthur Nuzman, figura central nas tratativas para escolha da sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Sem a presença e negociação entabulada por ele, a engenhosa e complexa relação corrupta aqui narrada poderia não alcançar o sucesso que efetivamente alcançou. Nuzman foi o agente responsável por unir pontas interessadas, fazer os contatos e azeitar as relações para organizar o mecanismo do repasse de propinas de Cabral diretamente a membros africanos do COI, o que foi efetivamente feito por meio de Arthur Soares”, explicam os procuradores.
Com a realização da Rio-16, o grupo político capitaneado por Cabral teve ampla possibilidade de capitalizar-se politicamente e receber milhões em investimentos para realização de obras públicas. Diversas dessas obras (Arco Metropolitano, Maracanã e Linha 4 do Metrô), anunciadas como “legado” das Olimpíadas de 2016, renderam milhões em pagamento de vantagens indevidas (propina) ao ex-governador e demais membros da organização criminosa.
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