Ex-médico teria abusado de 265 ginastas; Membros do comitê se demitem
O ex-médico da equipe de ginástica dos Estados Unidos Larry Nassar, assediou sexualmente a pelo menos 265 jovens, afirmou um tribunal de Charlotte, Michigan, nesta quarta-feira (31), onde voltou a ser julgado após condenação a entre 40 e 175 anos de prisão na semana passada.
Segundo a acusação, pelo menos 65 supostas vítimas testemunharão contra Nassar no maior escândalo sexual da história dos esportes nos Estados Unidos.
Considerado "um fazedor de milagres", Nassar foi chefe do departamento médico da Federação de ginástica dos Estados Unidos, entre 1994 e 2016, e da Universidade do Estado de Michigan (MSU).
"Temos mais de 265 vítimas identificadas e um número infinito no estado, no país e no mundo", declarou a presidenta do tribunal, Janice Cunningham, que aceitou que os debates sejam transmitidos ao vivo ou postados no Twitter para que "todo mundo possa participar se quiser".
Na semana passada, Nassar foi condenado a entre 40 e 175 anos de prisão por abuso sexual múltiplo de jovens ginastas, incluindo várias campeãs olímpicas, sob a aparência de realizar funções médicas.
O médico de 54 anos havia sido condenado anteriormente a 60 anos de prisão por pornografia infantil, outro aspecto do caso que levou à queda de grande parte da junta diretora da Federação de ginástica americana.
Nesta quarta-feira, em um tribunal de Charlotte, Michigan, Nassar enfrentará suas acusadoras, que também o acusam de abuso sexual no centro de treinamento Twistars, fatos pelos que já se declarou culpado e poderia ser condenado a entre 40 a 125 anos adicionais na prisão.
"O grupo de testemunhas será uma combinação de sobreviventes que já falaram e de novas oradoras", explicou à AFP Andrea Bitely, porta-voz do procurador de Michigan.
Paralelamente ao julgamento, estão sendo realizadas investigações em vários níveis para tentar compreender como o ex-médico esportivo pôde cometer estes ataques sexuais com impunidade durante anos.
O procurador-geral de Michigan, Bill Schuette, prometeu no sábado uma "investigação exaustiva do que ocorreu na Universidade Estatal de Michigan (MSU)".
“Juíza é minha heroína”, diz Biles
Em entrevista ao programa “Today Show”, da rede americana “NBC”, Simone Biles afirmou que a juíza Rosemarie Aquilina, responsável pelo julgamento de Larry Nassar, era sua “heroína”. “Penso que ela é minha heroína porque ela foi justa e não deixou que ele exercesse nenhum poder sobre as garotas e deixou com que elas fossem lá e falassem. Isso foi muito poderoso”, afirmou.
Há duas semanas, Simone Biles revelou ter sido uma das vítimas de Larry Nasser. A norte-americana fez história na ginástica ao conquistar quatro medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio e uma de bronze.
“Gostaria que ela tivesse dado a ele um número louco (de sentença), tipo 3 mil anos, ou coisa do tipo. Mas, em todo caso, é ela quem manda”, completou.
Diretores se demitem após revelações
A USA Gymnastics, entidade representante da ginástica dos Estados Unidos, disse que todos seus diretores remanescentes se demitiram após as revelações de que o médico de longa data da equipe abusou sexualmente de várias atletas sob seus cuidados.
Na sexta-feira uma porta-voz da USA Gymnastics disse que todo o conselho pretendia renunciar. O Comitê Olímpico dos EUA ameaçou revogar a autoridade administrativa da organização se o conselho inteiro não se demitisse até esta quarta-feira, decisão tomada na esteira da condenação do ex-médico da equipe, Larry Nassar, a até 175 anos de prisão depois de ele se declarar culpado das acusações de agressão sexual.
"Estamos no processo de levar adiante a formação de um conselho de diretores interino durante o mês de fevereiro, de acordo com as exigências do Comitê Olímpico dos EUA", informou a USA Gymnastics em um comunicado. "A USA Gymnastics dará informações sobre este processo nos próximos dias".
O Comitê Olímpico dos EUA induziu a USA Gymnastics a nomear um conselho de diretores temporários até o final do mês que vem.
*Com informações das agências AFP e Reuters
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