Topo

Seis motivos que fazem de Tom Brady o jogador que a NFL ama odiar

O quarterback  do New England PatriotsTom Brady sorri ao cumprimentar o roqueiro Jon Bon Jovi durante partida pela NFL, no estádio Wembley - Matt Dunham/AP
O quarterback do New England PatriotsTom Brady sorri ao cumprimentar o roqueiro Jon Bon Jovi durante partida pela NFL, no estádio Wembley Imagem: Matt Dunham/AP

Thiago Rocha

Do UOL, em São Paulo

04/02/2018 04h00

Neste domingo (4), às 21h30, quando pisar no gramado do US Bank Stadium, em Mineápolis (EUA), Tom Brady estará em busca do sexto título de Super Bowl da carreira e do prolongamento da dinastia do New England Patriots por mais uma temporada na NFL, mas o adversário na final não será apenas o Philadelphia Eagles. Pela frente, o quarterback terá de encarar também o mau agouro e a birra de torcedores das outras 31 equipes da liga profissional de futebol americano.

Brady é o jogador que a NFL ama odiar. Genial, decisivo, obstinado e vencedor dentro de campo. Bonito, bem-sucedido, famoso e casado com uma supermodelo fora dele. Os fãs exaltam o trabalhador incansável, perfeccionista, que vira placares que parecem impossíveis e detentor de quase todos os recordes atrelados aos playoffs da liga. Os haters o consideram arrogante, egoísta, trapaceiro e indigno da carreira que construiu.

Tom Brady está longe de ser santo, mas também não é demônio. O “defeito” do jogador de 40 anos, que pode se tornar o quarterback mais velho a ganhar o Super Bowl (e angariar mais uma marca histórica para o currículo), foi se tornar o símbolo da franquia mais vencedora da NFL nas últimas duas décadas. Isso é um fato, goste dele ou não.

Não faltam pontos controversos para defender ou esculhambar o jogador dos Patriots. Na véspera do Super Bowl 52, o UOL Esporte listou seis motivos para amar ou deixar Tom Brady. E aí, de qual lado você está?

Cinderela da bola oval

Tom Brady - Jim Rogash/Getty Images/AFP - Jim Rogash/Getty Images/AFP
Imagem: Jim Rogash/Getty Images/AFP

A origem de Tom Brady é a antítese da seleção natural de ídolos que o esporte norte-americano coloca em prática, detectando talentos raros desde o colégio e o moldando para serem grandes astros no futuro. No colégio, aparentava ter mais talento para o beisebol, tanto que foi escolhido pelo Montreal Expos (atual Washington Nationals) para virar profissional na MLB, em 1995, mas ele optou pelo futebol americano.

Na Universidade de Michigan, Brady chegou a ser a sétima opção entre os quarterbacks do elenco. Como titular, alcançou boas estatísticas e chamou a atenção de olheiros da NFL, mas ele não foi um astro da liga universitária nem ficou entre os primeiros colocados no Draft, o recrutamento de novatos da liga – ele foi o 199º escolhido geral, na sexta rodada, em 2000. Ou seja, ele não recebeu tratamento nem atenção de estrela desde cedo.

Selecionado pelo New England Patriots, Brady virou titular em sua segunda temporada na NFL, em 2001, quando o titular Drew Bledsoe se machucou, e só deixou a equipe por lesão. Desde então, se tornou o maior vencedor do Super Bowl (cinco títulos em sete finais), foi eleito duas vezes o Jogador Mais Valioso da temporada e quatro vezes o MVP das finais, além de dezenas de recordes e honrarias.

Após 18 temporadas e marcas incontestáveis, Brady está longe de ser unanimidade quando perguntam se ele é ou será o maior jogador da história na NFL. Entre os “não fãs”, sempre há um porém a destacar, especialmente quando se lembra que o quarterback dos Patriots não foi “ungido” como um superastro do esporte.

Rivalidade com Peyton Manning

Brady e Manning - Matthew Emmons-USA TODAY Sports - Matthew Emmons-USA TODAY Sports
Imagem: Matthew Emmons-USA TODAY Sports

Tom Brady ousou construir uma carreira mais vencedora e saudável fisicamente que outro quarterback, contemporâneo de NFL e rotulado como o “garoto de ouro” do futebol americano, mas também melhor do que ele em uma série de fundamentos como jogador: Peyton Manning. Filho de um ex-atleta (Archie Manning), integrante da tradicional família dos Estados Unidos e fenomenal desde o colégio, ele foi o maior rival, e também o maior espelho, para o astro dos Patriots crescer como competidor.

Como seus times integravam a mesma conferência, a Americana (New England Patriots e Indianapolis Colts), eles se enfrentaram várias vezes, com retrospecto positivo para Brady – somando temporada regular e playoffs, foram 11 vitórias, contra seis de Peyton, que encerrou a carreira pelo Denver Broncos.

A sensação de “injustiça” entre os críticos de Brady aumenta quando se lembra que Manning ganhou o Super Bowl apenas duas vezes mesmo sendo tão dominante em sua posição. Em compensação, o irmão mais novo do ex-jogador, Eli Manning, quarterback do New York Giants, foi o responsável por decretar as duas derrotas da carreira de Tom Brady no Super Bowl, satisfazendo a sede de vingança de quem não o admira.

Arrogância e prepotência

Tom Brady - Suzanne Plunkett/Reuters - Suzanne Plunkett/Reuters
Imagem: Suzanne Plunkett/Reuters

Tom Brady é daqueles que não poupam a voz na hora de cobrar uma melhor performance do ataque dos Patriots quando as jogadas não saem como gostaria, ou quando não recebeu proteção eficiente da linha ofensiva. Também esbraveja com os árbitros quando sofre uma falta que considera mais violenta. Ele dá chilique sem pudor algum. Fãs e companheiros de time valorizam o destempero como uma amostra da obstinação, da garra e da insaciável vontade de vencer que ele carrega. Para os inimigos, é reação de garoto rico e mimado, sinal de arrogância, de falta de respeito e excesso de desprezo com quem também faz parte do espetáculo.

Trapaceiro profissional

Brady no depoimento do Deflategate - Spencer Platt/Getty Images - Spencer Platt/Getty Images
Imagem: Spencer Platt/Getty Images

Pegou muito mal à imagem de bom-moço de Brady o escândalo conhecido como Deflategate, quando a NFL descobriu que o New England Patriots usou bolas mais murchas do que a regra permite para levar vantagem sobre o Indianapolis Colts nas finais de conferência da temporada 2014-2015. Com chuva e frio, a bola oval fica mais fácil de ser manuseada quando não está tão cheia. Turbinado por esse artifício, a equipe surrou o rival por 45 a 7.

Mesmo alegando inocência, Brady cumpriu quatro jogos de suspensão, e o clube pagou multa de US$ 1 milhão. Junta-se a isso a fama de “apito amigo” que os Patriots carregam na NFL, de que são auxiliados pela arbitragem praticamente toda semana, e a fama de trapaceiro surge com força na hora de debater defeitos e qualidades do jogador.

Amigo do Trump

Brady e Trump - Donna Connor/WireImage - Donna Connor/WireImage
Imagem: Donna Connor/WireImage

Em 2015, Donald Trump ainda era pré-candidato do Partido Republicano quando Tom Brady declarou apoio ao empresário para as eleições presidenciais dos Estados Unidos. Os dois são amigos e costumavam jogar golfe juntos.

Quando conquistou o direito de ser candidato e passou expor as suas polêmicas ideias como governante, quem era simpatizante de Trump passou a ser cobrado por isso, e Brady não passou despercebido. No entanto, ele passou a se recusar a comentar sobre política – dizem que por recomendação de sua esposa, a modelo brasileira Gisele Bundchen.

Família de comercial de margarina

Brady, Gisele e filhos - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Não basta ser um esportista fora de série. Tom Brady é bonito, rico, bem-sucedido e casado com uma das mulheres mais belas do mundo, com quem tem dois filhos: Benjamin, de 8 anos, e Vivian, de 5. Mesmo formando um típico casal modelo dos Estados Unidos, daqueles que ilustram comerciais, ele e Gisele Bundchen fazem justamente o que o público em geral não espera de megacelebridades: preservar ao máximo a privacidade da família, ainda mais em época de superexposição em redes sociais.

Por isso, causou estranheza quando Brady aceitou abrir a sua casa para que o Facebook produzisse um recém-lançado documentário, chamado “Tom vs Time”,  que mostra momentos do casal com os filhos e da preparação física do quarterback para manter a plenitude física aos 40 anos.