Nova academia? Futevôlei amplia público e quadras para crescer em São Paulo
Com público cada vez maior e diversificado e o aumento significativo também no número de quadras disponíveis, o futevôlei é o esporte da moda em São Paulo. É um fenômeno semelhante ao que foi o crossfit nos últimos anos, mas uma diferença entre as modalidades é atrativo da que surge como novidade: futevôlei, geralmente, é jogado a céu aberto, com os pés na areia, e não em ambientes fechados tradicionais das academias. O esporte criado e popularizado no Rio de Janeiro agora é jogado entre prédios da capital paulista e toma espaço até de esportes mais comuns.
Gilberto Diniz, presidente da Federação Paulista de Futevôlei, é também sócio de um complexo esportivo que tem três unidades. Em uma delas, no bairro do Ipiranga, quatro quadras de areia ocuparam o espaço até então reservado para uma de futebol society. Já na Barra Funda, a quadra para prática do futevôlei substituiu um local onde aconteciam jogos de tênis. De acordo com dados da FPFv hoje são dez centros de areia na capital, tirando os clubes tradicionais como Pinheiros ou São Paulo, e "a maioria" nasceu entre 2017 e 2018. O boom é recente.
"Há sete ou oito anos os clubes em São Paulo começaram a ter espaço de areia. Através disso criou-se uma procura e profissionalização dos professores, então o esporte saiu dos clubes e mais pessoas puderam entrar e praticar. Aí de dois anos para cá aumentou muito, uma demanda muito grande de pessoas interessadas", conta Diniz.
A prática do futevôlei é diversificada, com vários objetivos: há aulas coletivas e personalizadas, com foco no aprendizado do esporte, movimentações na areia e fundamentos como deslocamento, salto, pulo, ataque e defesa; há o treino funcional, sem bola, para aprimoramento físico; há locações da quadra por tempo com intuito recreativo; e também há quem treine para jogar profissionalmente. Da recreação à competição, o número de praticantes aumenta pela influência de personalidades que divulgam o esporte e principalmente pelo boca a boca.
"Eu quero levar as pessoas, entendeu? Chamo meus amigos. Você começa a envolver as pessoas e elas começam a sentir a mesma satisfação que você tem. É uma coisa muito boa e não é pessoal. Tem uma interação muito grande, todo mundo quer se ajudar, é um esporte muito coletivo", diz o publicitário Filippo D'Angelo, praticante do esporte há seis meses.
Benefícios são sedutores aos praticantes
O futevôlei se lança de maneira sedutora como alternativa a quem procura manter uma rotina de atividades físicas por conta do baixo risco de lesão (não há impacto por causa da areia), gasto calórico alto (de 500 a 600 calorias em uma hora de prática, aproximadamente), criação de resistência muscular (como o piso não é plano, há sobrecarga nos músculos inferiores) e socialização em um ambiente leve, ao ar livre. Até por isso, faz as pessoas se fidelizarem e mudarem seus hábitos. “Estamos juntando todos os públicos, que são novos no esporte. A pessoa deixa de praticar outro esporte para praticar o futevôlei e quem começa dificilmente para”, destaca Gilberto Diniz, da Riplay Sports.
Quem passou por esse tipo de mudança foi o próprio Filippo D’Angelo. "Hoje, no futevôlei, me sinto muito mais completo em questão de exercício físico e satisfação do que com academia e corrida, que fazia antes. Comecei a trocar exercício que fazia na academia, mais por obrigação e necessidade do meu corpo, para conseguir fazer e jogar o futevôlei. Hoje em dia, jogo mais de duas vezes por semana. E aí abro mão da academia para jogar futevôlei por questão de satisfação." Antes eram seis dias de academia, hoje são dois. Para dar resistência e ajudar na prática do futevôlei.
Outro a viver de perto este boom na capital paulista é Fabio Seixas, que decidiu empreender e abrir seu próprio espaço em janeiro deste ano, na Chácara Klabin. Ele foi mais um seduzido pela interação que o futevôlei propicia, aliado ao risco quase mínimo de lesões. “Em São Paulo o pessoal joga muito futebol society, e muita gente se machuca, tem muita lesão. E o futevôlei é um esporte que praticamente não acontece isso. Não tem contato físico, é na areia”, diz Fabio, que se exercita nas quadras de areia há quase dois anos.
Mercado em crescimento atrai investidores de outras áreas
Cauan Domingos e Otavio Augusto Nonato, de 28 e 30 anos, simbolizam a força do futevôlei e dos esportes de areia em São Paulo. Advogado e publicitário, respectivamente, eles vão inaugurar entre dezembro e janeiro o Aloha Areia, Esporte e Bar no bairro do Tatuapé. A ideia é que o local tenha três quadras de areia, vestiários, banheiros, além de um bar e churrasqueiras. Já está em obras. "Foi como linkar uma oportunidade de negócio com a paixão pelo esporte", explica Cauan.
"Comecei a jogar porque um amigo se mudou para um prédio que tinha uma quadra de areia. Com o tempo passamos a buscar quadras para jogar e percebemos que tinha uma procura muito maior que a oferta. Aí veio a ideia de montar um lugar próprio. Era um mercado em crescimento e uma ótima oportunidade, além de ser um esporte que passou a fazer parte do meu dia a dia e do meu sócio, porque jogávamos toda semana", completa o futuro empresário das quadras.
Grande envolvimento feminino
A diversificação do público do futevôlei faz com que ele seja considerado por seus praticantes e propagadores como um esporte menos preconceituoso e mais preocupado com a intolerância de gênero que o futebol, um de seus esportes originários, ainda insiste em carregar. Esta diferença comportamental, inclusive, fez o dono da Klabin Beach Sports notar a presença de mulheres que antes não praticavam futebol ocupando as quadras de areia.
“Muita mulher está praticando. O que a gente vê é que meninas que não jogavam futebol, talvez por preconceito do futebol, estão entrando muito no futevôlei. E elas têm uma facilidade grande de aprender. Homens ainda são maioria, mas tem bastante mulheres”, pontua Fabio.
É o que também tem em mente Cauan Domingos: "É um esporte viciante, acho que essa é a melhor definição. Nunca vi alguém jogar uma vez e parar. É um esporte que atrai todos, tanto mulher quanto homem, porque você se diverte jogando."
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