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Doença que vitimou neto de Lula é comum em atletas e atingiu Demian Maia

Sean M. Haffey/Getty Images
Imagem: Sean M. Haffey/Getty Images

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

05/04/2019 12h00

Os lutadores de MMA são alvos constantes da bactéria Staphylococcus aureus, a mesma que causou a infecção generalizada que matou Arthur Araújo Lula da Silva, neto do ex-presidente Lula, como revelado pela "Folha de S. Paulo". Espalhado pelo contato físico, o microrganismo atingiu mais de uma vez o brasileiro Demian Maia, que chegou a correr risco de morrer em 2014.

"Meu medo era o remédio parar de fazer efeito, virar infecção generalizada e levar à morte. Eu tinha febre de seis em seis horas. Fizeram uma cultura de bactéria e apontou que não havia nada. A esta altura, tinha mudado de médico e ele achava que era vírus. Focou em controlar a febre enquanto esperava os resultados dos exames que confirmariam o diagnóstico. Mas a cultura de vírus demora dias e, neste período, entrou em cena o doutor Google. Naquela merda de querer saber o que é, eu e minha mulher começamos a pesquisar na internet e achamos que descobrimos o problema", diz Demian em seu relato na série Minha História, do UOL (Playboy, não: Minha história: o relato de um lutador sobre ter medo de perder pela primeira vez. E como isso o fez melhor).

O problema no lutador do UFC aconteceu após uma lesão no ombro. A injeção tomada para continuar treinando ajudou na proliferação da bactéria, que se transformou em uma ostiomielite, que é quando ela chega ao osso. Ele chegou a ficar quase um ano afastado do octógono por causa do problema.

"Muitas vezes, as pessoas vão ao hospital e o Staphylococcus já está na pele, mas não está causando nenhum problema. Na hora de tomar a injeção, a higiene do local não é feita corretamente e pode causar a infecção", explica Ana Gales, coordenadora do Comitê de Resistência Antimicrobiana da Sociedade Brasileira de Infectologia.

É estimado que até 20% das pessoas saudáveis possuem no corpo a Staphylococcus aureus. No entanto, nem todas se manifestam de um jeito que leve risco à vida. Em casos mais agressivos, a bactéria produz uma necrose na pele e dificulta a defesa do organismo.

O Staphylococcus aureus é comum em lutadores justamente pelo constante contato físico durante as lutas. O mesmo acontece com atletas de futebol americano.

"A doença é transmitida quando você tem contato com uma pessoa que é colonizada pela bactéria. O recomendado seria evitar o contato íntimo com pessoas com a bactéria, mas é quase impossível nesses casos. Como você vai pedir para um jogador de futebol americano ou um lutador não ter contato físico?", diz Ana Gales.

Livre do problema desde 2014, Demian diz tomar precauções após cada treino. "O que ajuda é tomar banho rápido após cada treino, não ficar enrolando. No meu caso particular, não sei se tem a ver, mas quando comecei a me alimentar de uma forma mais consciente, eu não tive mais".

"Na realidade, a melhora na alimentação pode ter feito com que ele melhore de saúde. Isso faz com que o sistema imunológico fique fortalecido e diminua as infecções", explica Ana Gales.

Demian Maia não foi o único lutador de MMA vítima do Staphylococcus aureus. Forrest Griffin, Robert Whittaker e Kelvin Gastelum são alguns que já conviveram com a doença.