General rejeita privatizar Parque Olímpico e defende manter autarquia
A solução paliativa do governo federal para administrar os Parques Olímpicos da Barra e de Deodoro deverá se converter em definitiva. Em entrevista ao UOL Esporte, o secretário especial de Esporte, general Décio Brasil, revelou que sua pasta já solicitou ao Ministério da Economia a prorrogação da Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO).
Criada em 2017 inicialmente por Medida Provisória (MP), que depois se transformou em lei, a AGLO nasceu com a promessa de ser "após tomadas as providências de longo prazo necessárias à destinação do legado olímpico ou no dia 30 de junho de 2019, o que ocorrer primeiro". Como as providências não foram tomadas, ela deveria ser encerrada daqui a um mês. Mas não é isso que quer o governo Jair Bolsonaro (PSL).
Antes mesmo de o general Brasil assumir o cargo, a secretaria já havia solicitado ao Ministério da Economia para viabilizar a manutenção da autarquia, que tem um quadro de 95 cargos de confiança. Assim, o governo abandona a ideia de tentar privatizar o Parque Olímpico. Na gestão Michel Temer, o BNDES foi contratado para realizar um estudo nesse sentido, no valor de R$ 16 milhões, o que o MPF contestou.
Confira a entrevista concedida pelo general ao UOL Esporte após palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ)
O governo pretende renovar a existência da AGLO?
Tivemos uma reunião nos últimos dias com o Ministério da Economia e pedimos a prorrogação da AGLO por um tempo ainda não determinado. A solução não é a extinção. Quem cuidará depois? É um problema sério, um custo enorme. Mandei reativar um estudo de viabilidade desenvolvido pelo BNDES para provar ao Ministério da Economia que não tem como a AGLO ser extinta sem prejuízo ao esporte e ao patrimônio construído para os Jogos Olímpicos. É algo que pode impactar, inclusive, na imagem do governo. Acho temerário não ter ninguém gerindo o legado olímpico.
A privatização está fora de pauta?
Não há tempo hábil para outra entidade assumir. Não chegamos a iniciar o processo de privatização. Não houve interesse de terceirizar, tampouco de alguém assumir e também da Parceria Público-Privada. As tentativas que foram feitas não tiveram sucesso. Precisamos renovar a AGLO por todos esses motivos apresentados e debatidos.
O presidente Jair Bolsonaro recentemente tuitou que a Petrobras "assinou contrato de publicidade de R$ 782 milhões com a McLaren, válido por 5 anos". Isso dá cerca de 30 milhões de libras ao ano. Retirar esse patrocínio tem qual objetivo com impacto direto no esporte brasileiro?
O que o presidente Bolsonaro quis dizer é que há um gasto de dinheiro público. Sabemos que nesse contrato com a McLaren outras coisas são desenvolvidas em parceria. Mas talvez não seja o suficiente para justificar um patrocínio dessa magnitude. Esse recurso poderia ser revertido para o benefício de atletas, no desporto educacional, na inclusão social através do esporte, esses tópicos que envolvem a visão do governo atual. O objetivo é fazer uma realocação para que o esporte brasileiro cresça, principalmente o de base.
A Petrobras tem retirado seu patrocínio ao esporte e já não patrocina confederações. A Caixa deixou de patrocinar corridas de ruas e as confederações temem não renovar contrato com o banco. Qual o papel da secretaria nessa relação com as estatais?
Algumas entidades têm condições de captar patrocínios sem a necessidade do auxílio das estatais. Esse recurso que está sendo economizado pelas grandes empresas estatais pode ser revertido para os projetos de cidadania, inclusão social, tudo através do esporte. O benefício final é o desenvolvimento do esporte e do cidadão brasileiro. O trabalho avalia isso.
A discussão em torno da MP da reforma ministerial não contemplou a ideia de recriação do Ministério do Esporte. Qual sua visão sobre o ministério? O ideal é manter uma secretaria?
Não houve prejuízo na cultura e no esporte. Houve alteração na atividade meio, que é comunicação, administração, jurídico, etc. Mas agora o Ministério da Cidadania nos dá o suporte para a atividade fim. É claro que estamos subordinados ao ministro Osmar Terra, mas em nenhum momento ele deixa de privilegiar o esporte. Esse trauma não existe. Trabalhamos como se ministério fosse.
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