Barco brasileiro fica à deriva na Polinésia Francesa após ventos de 110km/h
Uma dupla de irmãos brasileiros está à deriva na região da Polinésia Francesa. Celso Pereira Neto e Lucas Faraco Pereira relataram nas redes sociais o que chamaram de "pesadelo" vivido nos últimos dias. Após partirem de Ubatuba, litoral de São Paulo, eles estão há mais de 15 meses em uma volta ao mundo.
Os problemas começaram durante um mau tempo na região. Com ventos a mais de 110km/h, o barco Katoosh bateu em algo e perdeu o leme, deixando a dupla à deriva. Em contato com o UOL Esporte, o pai dos dois, Celso Pereira Júnior, que também é velejador, afirmou que a causa do acidente seria um contêiner que caiu no mar de alguma embarcação e ficou boiando.
No relato, Celso Neto e Lucas descreveram os momentos de tensão quando perceberam a colisão. "Fizemos uma conta e, se não fizéssemos nada, dentro de cinco horas o Katoosh estaria nas pedras. Parecia mentira o que estava acontecendo. 'Vamos, vamos, vamos, vamos, bora instalar o leme reserva'. Nessas horas, a adrenalina sobe tanto que não se sente frio, fome, nada. Parece que temos força para levantar um carro, mas nada disso foi o suficiente para conseguirmos instalar nosso leme reserva", escreveu.
Uma embarcação sem leme corre o risco de ser levada pelo mar de encontro a alguma ilha. Para evitar o choque, os dois chegaram a prender travesseiros, almofadas e mochilas em um cabo de 100m de comprimento jogado ao mar. A estratégia deu certo e a velocidade do barco caiu para média de 2,6km/h.
De acordo com o pai dos dois, o barco deverá permanecer à deriva até que os ventos diminuam e seja possível colocar o leme reserva. Ainda assim, os dois contam com auxílio de outros velejadores que estão fazendo o mesmo percurso, para caso precisem abandonar o barco.
"Eles estão perto do destino. Nesse destino, já estavam lá outros veleiros, que saíram dois dias antes. Eles estão com esses veleiros no rádio. Eles sabem onde meus filhos estão. Em caso de pedido de socorro, eles estariam lá em 3 ou 4 horas no máximo. O barco tem balsa de abandono, salva-vidas etc. Não correm perigo de vida iminente, até agora, correram perigo de não conseguiram derivar o barco e evitar de jogar em uma ilha. Mas isso eles conseguiram evitar", explicou.
O objetivo dos irmãos é de dar uma volta ao mundo saindo e voltando para Ubatuba. A expectativa é que o percurso todo dure quatro anos.
Veleiro é herança de família
O veleiro Katoosh foi construído pelos pais de Celso Neto e Lucas. A embarcação começou a ser construída em 1987 e foi para água pela primeira vez em 1990. O barco foi feito para que os pais completassem a volta ao mundo. Com o nascimento dos dois filhos, no entanto, a ideia foi adiada e passada para a geração seguinte.
"Moramos de seis a oito anos a bordo desse barco. O Katoosh sempre foi a casa deles. Eles aprenderam a andar a bordo. Os dois fizeram engenharia e um dia apareceram em casa pedindo o barco emprestado para fazer uma volta ao mundo".
A decisão não pegou Celso Neto de surpresa. Ele diz ter mais medo das estradas do que ver os filhos fazendo uma volta ao mundo de barco.
"Medo não bateu. Morria de medo cada vez que eles pegavam estrada. O mais velho teve um acidente na Fernão Dias (rodovia que liga São Paulo a Belo Horizonte). Isso que eles estão fazendo, não tenho medo. Perigo tem, mas tem muito mais perigo andar em São Paulo".
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