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Pan 2019

Brasileiro do wakeboard no Pan virou vendedor de loja ao pedir patrocínio

Marcelo Giardi, o Marreco, é o representante brasileiro no wakeboard masculino - Miriam Jeske/COB
Marcelo Giardi, o Marreco, é o representante brasileiro no wakeboard masculino Imagem: Miriam Jeske/COB

Rubens Lisboa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/07/2019 07h27

Principal referência do wakeboard no Brasil, o paulista Marcelo Giardi, mais conhecido pelo apelido Marreco, volta a disputar os Jogos Pan-Americanos depois de oito anos e acumula as funções de atleta, treinador e marido na competição em que estreia neste sábado, às 15h (de Brasília), em busca de sua terceira medalha.

Acumular funções é algo que já é comum para ele, que durante toda a carreira atuou em outras funções para se bancar no esporte, de vendedor de equipamentos náuticos a instrutor de wakeboard, função que divide com a mulher Mariana Nep, que também compete no Pan de Lima na estreia da categoria feminina.

Marreco foi influenciado a iniciar a prática de esportes na água com o tio, que fazia manobras do esqui aquático na represa Guarapiranga, em São Paulo, na década de 50, e o pai, que iniciou no esporte nos anos 70 em uma chácara na cidade de Ibiúna, no interior paulista. A primeira vez que conseguiu andar com o esqui foi aos 5 anos e desde então tudo em sua vida envolveu esportes radicais na água.

"Esquiei a vida inteira na represa, tentava dar cambalhota com um esqui de manobra, o esqui banana. Ficava tentando dar cambalhota e não conseguia, aí vi um cara com uma prancha de wake, isso em 1995, lá na Guarapiranga. E falei para o meu tio 'preciso dessa prancha para dar cambalhota'. Comprei a prancha, mas nunca imaginei que eu seria campeão", lembra Marreco, hoje aos 36 anos.

Foi campeão brasileiro, vice-mundial na categoria juvenil, mas percebeu que não era possível bancar a prática de um esporte caro e que não tem grande premiação em dinheiro para os atletas. E então decidiu buscar um patrocínio, mas acabou virando empregado em uma loja que vendia equipamentos náuticos.

"Eles me patrocinavam com as pranchas de wakeboard. Aí eu fui lá pedir dinheiro de patrocínio e os caras falaram: 'O que tem é emprego!'", conta Marreco.

"Fui trabalhar de vendedor, tinha 15 anos e foi tudo de bom para mim porque mesmo depois tendo os patrocínios, não dava para viver só do esporte, então eu dava aula, e começou minha carreira também como professor de Wake", completa.

O auge da carreira como atleta foi nos Jogos Pan-Americanos Rio-2007, quando conquistou a medalha de ouro na competição que estreava no evento. A divulgação que conseguiu alavancou suas aulas. Ele ainda obteve a medalha de prata em Guadalajara-2011, mas deixou de competir para se dedicar aos alunos e não foi a Toronto-2015 e nem esperava voltar a um Pan.

"Estou feliz, ando de wake há 22 anos e nem imaginava que iria para o Pan. Tem outros moleques andando bem pra caramba, mas aí eu fui para o Campeonato Pan-Americano no México ano passado e me classifiquei, fui o melhor brasileiro colocado, fiquei em quinto lugar na competição", afirma o atleta.

Entre seus alunos, está a esposa Mariana Nep, que compete na estreia da categoria feminina em Jogos Pan-Americanos. Além de seu treinador e parceiro de aulas, ele também é apontado por Mariana como ídolo e já começa a colocar a filha de apenas três anos ligada ao esporte. "Já estou começando a por ela na água devagarinho".

Embora espere conquistar uma medalha em Lima, ele se diz satisfeito só de poder voltar a competir, ainda mais tendo a mulher dividindo a experiência.

"Eu quero uma medalha, estou amarradão. 22 anos depois, conseguir participar de um Pan-Americano, eu nem imaginava que iria", finaliza.