Brasileiras contrariam passado do triatlo e trabalham em equipe por ouro
O triatlo brasileiro teve nomes importantes no feminino, mas nunca havia obtido uma medalha de ouro em Jogos Pan-Americanos até a prova deste sábado (27), em Lima. Oriundas de uma nova geração promissora, a paulista Luísa Baptista e a cearense Vittoria Lopes mudaram a escrita e adotaram uma estratégia de equipe para a dobradinha inédita que garantiu o ouro e a prata para o país.
Embora o triatlo feminino do país tenha tido nomes importantes como Carla Moreno, Sandra Soldan e Mariana Ohata, as individualidades sempre se sobressaíram e muitas vezes isso não ajudou. Com Luisa e Vittoria, o trabalho em conjunto foi fundamental para que elas conseguissem suas medalhas em prova na qual Luísa superou Vittoria nos metros finais da corrida.
"O triatlo é individual, então, se trabalhar em equipe, é uma vantagem tremenda. Quando vi que tinha vantagem sobre a mexicana, segurei a corrida para levar a Vittoria o máximo que pudesse, e deu certo. Foi suficiente para que abríssemos de vez pra mexicana", explicou a triatleta.
O resultado acontece em um momento importante visando os Jogos Olímpicos de Tóquio. Depois que Pâmella Oliveira - última medalhista pan-americana do país com o bronze em Guadalajara-2011 - se aposentou das competições de triatlo "olímpico", a modalidade ficou um período sem resultados internacionais de expressão. A nova geração da qual fazem parte Luisa e Vittoria vem mudando o cenário e o resultado em Lima foi o primeiro de impacto delas.
As duas são, há algum tempo, apontadas como esperança de renovação no triatlo brasileiro. Luisa, de 25 anos, chegou primeiro - no esporte e na prova deste domingo em Lima. Ela praticava diferentes modalidades, como natação, tênis e vôlei, em torneios estudantis, até ser convidada por um amigo em um clube de Araras, no interior de São Paulo. Suas primeiras provas no triatlo foram com uma bicicleta emprestada, em 2010. No ano seguinte, fez sua estreia internacional e venceu o título pan-americano júnior.
Desde então, teve altos e baixos. No Pan de 2015, em Toronto, cruzou a linha de chegada em uma modesta 17ª colocação, com a mão e o braço esquerdos ralados, frutos de uma queda no ciclismo. No ano passado, em um torneio esvaziado, sem a presença de canadenses ou norte-americanas, venceu o Campeonato Pan-Americano disputado em Brasília.
Mais jovem, com 23 anos, Vittoria Lopes também tem trajetória mais curta no triatlo, ainda que seja uma profunda conhecedora da modalidade. Ela é filha de uma das mais importantes triatletas do país, Hedla Lopes, que já completou 22 edições do Ironman e foi a primeira mulher nordestina a participar da natação do Pan, em 1975, abrindo as portas para nomes como Etiene Medeiros e Joanna Maranhão.
Campeã brasileira júnior em 2014, Vittoria começou a participar de eventos internacionais adultos no ano seguinte. Desde então, vem evoluindo. No mês passado veio aquele que até então era seu feito mais relevante no triatlo: ela foi oitava colocada de uma etapa da World Triathlon Series (WTS), em Leeds, na Inglaterra.
Para competir em Lima, fez uma preparação diferente, utilizando para treinos a altitude de 1.864 m da cidade de San Luís Potosí, no México, visando uma melhor resistência física. Deu certo.
Hoje as duas ainda ocupam posições intermediárias no ranking olímpico: Luisa é a 43ª e Vittoria, a 49ª. Vão participar da Olimpíada de Tóquio 55 atletas no feminino, que podem se classificar por diversos critérios. No Pan, elas ainda competem na equipe mista, na segunda-feira (29).
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