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Pan 2019

Medalhista do Pan se mudou do Rio "para não trocar tiros com bandidos"

Julio Almeida conquistou a medalha de bronze no tiro esportivo em Lima - Pedro Ramos / rededoesporte.gov.br
Julio Almeida conquistou a medalha de bronze no tiro esportivo em Lima Imagem: Pedro Ramos / rededoesporte.gov.br

Do UOL, em São Paulo

28/07/2019 17h01

Militar da Força Aérea Brasileira, o carioca Julio Almeida optou por deixar o Rio de Janeiro devido ao aumento da violência, antes de iniciar sua preparação para os Jogos Pan-Americanos de Lima, onde conseguiu a medalha de bronze na pistola de ar 10 m neste domingo (28).

Ele vivia e treinava na cidade, ao mesmo tempo em que via a criminalidade crescer na sede dos Jogos Olímpicos Rio-2016. Até 2017, Almeida ia regularmente à Escola Naval do Rio de Janeiro, mas ela fechou as portas, o que o forçou a buscar uma nova instalação para seguir treinando.

Depois, o medalhista pan-americano buscou o Centro Nacional de Tiro Esportivo (CNTE), que também teve problemas e o fez passar a treinar no Fluminense. Com as duas mudanças, se viu tendo de se locomover por um longo trajeto até Deodoro para seguir praticando.

"Morava no Leme e treinava em Deodoro. Ficar atravessando a avenida Brasil, 40 quilômetros da minha casa, carregando arma? Eu já comecei a andar com a minha arma pessoal", conta o atirador.

"Eu falei, 'Quer saber? Eu vou embora porque vai chegar uma hora que eu vou cruzar com bandido e vou ter que trocar tiro com alguém'. Fui morar em Campinas e treino na escola do Exército", completa Julio.

Perto de completar 50 anos e dono de sete medalhas em Jogos Pan-Americanos (já incluindo o bronze conquistado em Lima), ele ficou sem a vaga olímpica que era destinada aos dois primeiros colocados da prova.

Julio Almeida volta a competir nesta segunda-feira ao lado de Thaís Moura na pistola de ar mista por equipes, que pode marcar sua despedida de Jogos Pan-Americanos, já que ele considera se aposentar após os Jogos Olímpicos de Tóquio.

"Ano que vem eu faço 50 anos, provavelmente foi o meu último. Ainda não estou 100% decidido, mas provavelmente não vou enfrentar mais um ciclo olímpico porque é muito cansativo", explicou emocionado o coronel, que pretende seguir atirando apenas por lazer.