Ouro no Pan desistiu do futebol para ser lutador: "Gosto de chutar cabeça"
Edival Marques, o Netinho, teria se tornado jogador se dependesse de seu pai, um atleta amador que levou o filho à escolinha de futebol ainda aos cinco anos.
Natural de João Pessoa, na Paraíba, Netinho conheceu o taekwondo dois anos depois, se apaixonou pela luta de origem sul-coreana e coroou essa mudança com a medalhe de ouro conquistada aos 21 anos no Jogos Pan-Americanos de Lima.
"Comecei no taekwondo com sete anos, mas desde os cinco já ia para escola de futebol", afirmou o atleta após vencer o dominicano Bernardo Pie hoje e chegar ao topo do pódio da categoria até 68 kg.
"Meu pai era peladeiro, jogava de zagueiro e dizia que eu era muito bom de roubar a bola. Mas eu treinava taekwondo e dizia: 'Pô, pai, é porque eu sou bom no taekwondo. Eu tenho noção de ataque por causa do taekwondo. Então comecei a ganhar Campeonatos Brasileiros com 12 anos de idade. Hoje meu pai é mais fanático por taekwondo do que eu."
O atleta apareceu para o esporte como uma grande promessa aos 16 anos, quando foi campeão sul-americano e ouro no mundial juvenil e nas Olimpíadas da Juventude, tudo em 2014. Ao passar para a categoria adulta, seu desempenho ficou abaixo da expectativa e ele acabou não se classificando à Rio-2016.
Décimo quinto no ranking olímpico que serve como parâmetro para vaga em Tóquio-2020, o terceiro-sargento da Marinha espera chegar entre os seis atletas que terão lugar garantido no maior evento esportivo do mundo. Os tempos de correr atrás de uma bola ficaram totalmente para trás.
"Chutar os outros é melhor", brincou Netinho, que efetivamente aplicou na luta final dois chutes acrobáticos na cabeça de seu oponente, o que lhe valeu o ouro, numa virada no último assalto. "A bola está lá... a cabeça até lembra um pouco uma bola, mas gosto mesmo é de chutar cabeça", afirmou o terceiro brasileiro a conquistar a medalha de ouro em Lima-2019.
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