Destaque da primeira edição do basquete 3x3 nos Jogos Pan-Americanos, Dominique Jones sabe dar espetáculo. Seu estilo maroto, de quem abusa da habilidade e dos dribles, já deixou encantadas milhares de pessoas no mundo inteiro. Conhecido como Disco Domo Jones, ele é um antigo membro do Harlem Globetrotters, uma equipe/trupe que há quase um século diverte pessoas de todos os cantos com suas exibições espetaculares.

A cultura globetrotter esteve presente desde o início da vida de Jones. Ele é um dos tantos garotos negros que cresceu jogando basquete no Harlem, um bairro no nordeste da ilha de Manhattan, em Nova York. "Lá tem quadras a cada dois quarteirões, cara. Quando você é garoto, é difícil você não estar em uma quadra de basquete", lembrou Jones, em entrevista ao UOL Esporte.

Seu sonho, porém, não era exatamente ser um globetrotter. O basquete levou Jones à faculdade, com bolsa para disputar a liga universitária, mas, quando formado, não teve espaço na NBA. Rodou a Europa até chegar um convite. "Tinha pessoas que me conheciam como um grande jogador, que conheciam meu trabalho, e me convidaram para jogar pelos Globetrotters. Viajei os Estados Unidos e o mundo. Foi um prazer enorme para mim", diz.

Mas entrar em quadra com a certeza de que todo o jogo contra o Washington Generals (oponente que serve como escada na atração) termina sempre com a vitória do time de Nova York não o inspirava. "Eu queria algo mais disputado. Gostaria de competir mais. O show era legal, as viagens eram legais, mas eu amo muito o 3x3 e sabia que eu seria um dos melhores", explica.

Em 2015, Jones tomou nota do 3x3 como esporte. Conhecido como "basquete de rua", o 3x3 passou a ter regras padronizadas pela Federação Internacional de Basquete (Fiba) e um circuito mundial. Depois de jogar quatro torneios regionais nos EUA, ele criou seu próprio time e foi jogar uma Copa do Mundo no México. Nascia, com a prata, o NY Harlem.

"Sou capitão o time. Conheço eles pessoalmente há muito anos, são meus amigos", conta. Desde então, ele e outros três atletas nascidos na região de Nova York rodam o mundo para jogar 3x3. Dos quatro, só Jones foi convocado para a primeira seleção dos Estados Unidos a jogar um evento do porte dos Jogos Pan-Americanos. Mais baixinho da equipe, ele foi também escolhido capitão.

"Eu quero ser o herói de algumas pessoas. Não são muitas pessoas que ganham medalhas de ouro na vida. Estou no mais alto nível, estou defendendo o meu país, estou muito feliz", afirma, admitindo que quer estar em Tóquio no ano que vem. Seria mais uma escala em sua viagem elo mundo como jogador de basquete. "A Olimpíada é um sonho, como estar aqui também era. Vamos dando um passo de cada vez."