Topo

Pan 2019

Pan-2019: Superfavoritos deixam Brasil mais perto do México. O que faltou?

Brasileiras do handebol dançam e cantam música de Anita e Ludmilla após garantirem o hexa - REUTERS/Sergio Moraes
Brasileiras do handebol dançam e cantam música de Anita e Ludmilla após garantirem o hexa Imagem: REUTERS/Sergio Moraes

Do UOL, em São Paulo

31/07/2019 00h34

O Time Brasil colocou alguns de seus superfavoritos para competir nesta terça-feira (30), o que nos ajuda a entender como encurtou a distância para o México no quadro de medalhas do Pan de Lima-2019. Mas a segunda posição já poderia ser brasileira, não fossem alguns deslizes inesperados. Os mexicanos fecharam o dia com 13 ouros, contra 11 dos brasileiros. No total, os vice-líderes têm oito a mais (44 a 36). Na ponta, os Estados Unidos estão com folga.

Hegemônicos, Fernando Saraiva, no levantamento de peso, e a seleção de handebol feminino fizeram sua parte, garantindo dois dos três ouros adicionados. Saraiva agora é tricampeão na categoria acima de 109kg, a dos pesos pesados. Ele venceu com sobras, como se fizesse parte de outra classe, na verdade. Já as garotas do handebol derrotaram a freguesa Argentina por 30 a 21, para conquistar o hexacampeonato. Elas não sabem o que é uma derrota pelo Pan desde Mar del Plata-1995.

O terceiro veio mais uma vez da ginástica artística. Mas não com Arthur Zanetti - ele foi a aposta supostamente certeira que acabou falhando. Chico Barretto foi o campeão do dia.

Outro título que escapou foi no boliche, no qual Marcelo Suartz tentava o bicampeonato. Ele foi derrotado por Nicholas Pate, dos Estados Unidos, por apenas um pontinho, ou melhor, somente um pino na decisão. Mas obviamente sua derrota não carrega a mesma decepção que a de Zanetti na final das argolas - embora, para fins práticos, seja um ouro subtraído da mesma forma. Aí a conta para alcançar os mexicanos não fechou.

Antes que alguém diga que a medalha de prata de Zanetti não deveria ser menosprezada, registramos aqui as palavras do próprio ginasta: "O dever pessoal não foi cumprido. Quando não cumpro o objetivo, não saio satisfeito e nem tenho motivo para ficar satisfeito". Ele defendia o título e já tem duas medalhas olímpicas na prova. Daí a frustração.

Zanetti prata no Pan - Ricardo Bufolin/CBG - Ricardo Bufolin/CBG
Diz tudo a expressão de Zanetti com a prata em mãos
Imagem: Ricardo Bufolin/CBG

A ginástica artística, que vinha tão bem nos primeiros dias de exibição, não passou em branco nesta jornada, de todo modo. Chico Barretto ganhou o ouro na final sobre o cavalo. Ele mesmo diz que essa é a prova, digamos, mais chata para os brasileiros - ele na verdade usou outro termo: "Um pé no saco".

No solo, bronze na Rio-2016, Arthur Nory também ficou aquém do esperado, terminando em quarto. Zanetti também tentou a sorte nessa prova e ficou em penúltimo na final.

Chico Barretto no Pan - Luis ACOSTA / AFP - Luis ACOSTA / AFP
Barretto foi o segundo ginasta brasileiro a ganhar ouro individual neste Pan
Imagem: Luis ACOSTA / AFP

Fez água

Coletivamente, a canoagem ficou devendo, passando o último dia sem por ninguém no pódio. A campanha da modalidade apresentou recuo expressivo em sua contagem, na comparação com Toronto-2015. Entenda as razões para esse declínio: tem a ver com a perda de investimento estatal. São medalhas que fazem falta num comparativo com o total de pódios dos mexicanos até aqui.

Bronze de honra?

Na linha de medalhas envoltas por uma certa frustração, a dupla brasileira de vôlei de praia Carol Horta/Ângela conquistou o bronze em Lima ao bater as cubanas Maylen Delís e Leila Martínez em dois sets. Elas haviam sido derrotadas na véspera pela equipe dos Estados Unidos, que ficou com o ouro. A Argentina levou a prata. No masculino, nada de pódio. Algo inesperado.

Carol Horta e Ângela no Pan - Luka GONZALES / AFP - Luka GONZALES / AFP
A dupla brasileira festejou muito a conquista do bronze, de todo modo
Imagem: Luka GONZALES / AFP

Na luta

As medalhas que a canoagem deixou pelo caminho o boxe vai coletando. Num dia com nada menos que 30 combates de semifinais realizados, quatro brasileiros asseguraram um lugar na final. Já Abner Teixeira (até 91kg) e Flavia Figueiredo (até 75kg) perderam e ficam com o bronze.

Keno Marley Machado, de apenas 19 anos, campeão nos Jogos Olímpicos da Juventude, derrotou o mexicano Rogelio Romero Tores pela categoria até 81kg. Já contamos um pouco de sua história, mas vale repetir as origens de seu nome: "Keno" é uma referência ao Grand Canyon dos Estados Unidos, enquanto Marley é homenagem mais óbvia a Bob, ícone do reggae jamaicano.

Jucielen Cerqueira Romeu superou a norte-americana Yarisel Ramirez na categoria até 57kg. Natural de Rio Claro, a paulista de 23 anos faz a sua melhor campanha até aqui. Já Beatriz Ferreira avançou à final até 60kg ao eliminar a norte-americana Rashida Ellis. No ano passado, ela já foi campeã pelos Jogos Sul-Americanos. Por fim, Hebert Sousa, pela categoria até 78kg, bateu mais um norte-americano, Troy Isley. Soteropolitano de 21 anos, Hebert foi bronze pelos Jogos Sul-Americanos.

Keno Marley no Pan - Ivan Alvarado / Reuters - Ivan Alvarado / Reuters
Jovem Keno luta por uma medalha de ouro na quinta-feira (1º)
Imagem: Ivan Alvarado / Reuters