Keno levanta ginásio, mas perde ouro para cubano supercampeão no boxe
Grande promessa do boxe brasileiro, Keno Marley lutou bem, ganhou a torcida peruana, mas não foi páreo para o melhor do mundo. Em final dos semipesados contra o experientíssimo Julio César La Cruz, tetracampeão mundial, acabou vencido por decisão unânime dos árbitros. Com 19 anos recém-completados, o baiano de Sapeaçu faturou a medalha de prata no Pan de Lima-2019, sua primeira grande competição internacional adulta. Mais tarde, pelo peso galo (até 57kg), Jucielen Romeu foi derrotada pela argentina Leonela Sánchez, ficando também com a prata.
Keno, que tem esse nome em homenagem ao Grand Canyon e ao músico Bob Marley, foi o único brasileiro campeão individual dos Jogos Olímpicos de Juventude de Buenos Aires, no ano passado. Já o cubano, dez anos mais velho, passou a luta toda com a guarda baixa, desafiador, escapando dos golpes do brasileiro. Cruz também investiu bastante em contra-ataques sempre que possível. Sua missão era defender o título dos Jogos Pan-Americanos. E conseguiu, reforçando o domínio de seu país na modalidade.
"Não vejo outro patamar (sobre o La Cruz), porque eu estou aqui e quer dizer que estávamos preparados. Eu estou feliz de chegar nessa final, com muito orgulho. É um grande adversário, trabalhamos bastante para chegar até aqui."
"(Sobre La Cruz ficar de guarda baixa, se isso irritou) Jamais. Boxe é isso. Eu já sabia que ia acontecer isso. O Julio tem esse estilo, mas é normal. Não é provocação isso, é o estilo dele. Eu estava preparado", acrescentou.
Cuba tem, de longe, a escola mais tradicional do boxe amador mundial e tem perdido poucos atletas de ponta para o boxe profissional nos últimos anos. Por isso, o grupo que está em Lima é o mais vitorioso de toda a competição. Só nesta quarta lutaram finais Yosvany Veitía (prata no peso mosca), que é o atual campeão mundial, Lázaro Álvarez (ouro no ligeiro), que tem três títulos mundias, e Roniel Iglesias (ouro no meio-médio), campeão olímpico em Londres-2012.
Já o Brasil veio a Lima com uma equipe completamente renovada. De todos os oito convocados, só Flávia Figueiredo tinha experiência em Jogos Pan-Americanos. Cosme Nascimento também chegou a disputar competições internacionais no ciclo olímpico passado, mas nenhuma deste porte. De resto, são todos marinheiros de primeira viagem, que chegaram à seleção olímpica permanente a partir de 2017. E chegaram com tudo.
A Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe) mantém o modelo de seleção permanente, concentrada na Zona Sul de São Paulo, desde 2009. Depois de um investimento pesado durante o ciclo olímpico passado, recompensado apenas com o ouro de Robson Conceição - que depois seguiu para o boxe profissional - a confederação decidiu trocar toda a equipe. Aproveitou, para isso, a chegada à categoria adulta de nomes talentosos como o próprio Keno, mas também Hebert Sousa (faz final amanhã), Abner Teixeira (bronze) e Luiz Oliveira (neto de Servílio de Oliveira, não veio ao Pan).
Jucielen Romeu, 23, também faz parte dessa nova safra. Apesar de ter perdido sua terceira luta contra a argentina Leonela Sánchez, a paulista de Rio Claro conquistou uma medalha de prata inédita para a modalidade no feminino. Nesta sexta (2), Beatriz Ferreira vai lutar a final da categoria até 60kg em busca do primeiro ouro.
No feminino, a renovação é comandada pro Bia Ferreira, de 26 anos, que chegou tarde ao boxe por falta de oportunidade e que é a grande esperança do Brasil para Tóquio. Ela faz final na categoria té 60kg na sexta e é favorita ao ouro. Já enfrentou duas vezes a argentina Dayana Sanchez e venceu as duas.
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