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Pan 2019

Beatriz Ferreira derrota argentina e ganha ouro inédito pelo boxe do Pan

Beatriz Ferreira exibe medalha de ouro conquistada no boxe feminino do Pan-2019 - Jonne Roriz/COB
Beatriz Ferreira exibe medalha de ouro conquistada no boxe feminino do Pan-2019 Imagem: Jonne Roriz/COB

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Lima (Peru)

02/08/2019 23h35Atualizada em 03/08/2019 01h08

Beatriz Ferreira foi dominante em sua luta contra a argentina Dayana Sánchez para conquistar o primeiro ouro de uma boxeadora brasileira pelos Jogos Pan-Americanos. Por decisão unânime dos juízes, ela ganhou o ouro na categoria leve até 60kg, fechando excelente campanha da delegação brasileira em Lima-2019.

Essa foi a quarta e última decisão envolvendo pugilistas nacionais na capital peruana. A soteropolitana de 26 anos foi a única a vencer, enquanto Hebert Sousa, Keno Marley e Jucielen Romeu levaram a prata. "Estar aqui no Pan já foi um sonho. E ter conseguido o objetivo, que era a medalha de ouro, me deixa mais feliz ainda", afirmou a campeã. "Estou vendo que a gente está no caminho certo e se Deus quiser vem mais por aí."

Bia começou a lutar cedo, na academia do pai, Raimundo "Sergipe" Ferreira, um antigo campeão brasileiro. "Meu pai é tudo para mim. Ele que me deu esse dom que estou conseguindo alcançar. Ele é meu porto seguro. Eu me inspiro nele", disse. "Antigamente ele me dava muita dica. Hoje em dia a gente troca experiências. Mas a gente está sempre conversando, estou sempre escutando os conselhos dele. Ele é mais do boxe profissional, então é outra pegada. Mas a gente também passa umas novidades para ele. Está dando certo."

Porém, por falta de adversárias, a pugilista só foi disputar suas primeiras lutas em 2014, já aos 21 anos. Essa dificuldade para subir ao ringue acabou empurrando a baiana para outros tipos de combate, pelo muay thai. A concorrência com outra modalidade feria os regulamentos do boxe amador brasileiro, e, por isso, ela acabou suspensa por dois anos. Só voltou a competir em 2017. Sabendo do potencial dela, porém, a Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe) a manteve na seleção brasileira. "Eles sempre me apoiaram. Eu não pude competir naquela época, mas já estava treinando com eles. Eu aprendi muito lá. Foi um grande ganho para mim, porque até então eu só treinava em academia. A partir do momento que eu fiquei esse tempo treinando com a seleção, eu aprendi muito. Isso foi muito válido para o que eu sou hoje", disse.

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) também apostou nela, levando-a à Olimpíada do Rio como sparring de Adriana Araújo, medalhista de bronze em Londres-2012, e integrante do programa Vivência Olímpica, iniciativa que oferece a jovens promessas o conato com a rotina de uma Olimpíada.

Logo na primeira temporada, ganhou o Prêmio Brasil Olímpico como melhor nome do boxe amador brasileiro de 2017. Também ganhou duas vezes o Campeonato Pan-Americano (não confundir com os Jogos Pan-Americanos) e faturou dois torneios importantes na Europa, em Belgrado (Sérvia) e Sófia (Bulgária). Em 2018, levou a medalha de ouro nos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba (Bolívia), mas saiu sem medalha do seu primeiro Mundial.

O boxe feminino só chegou ao programa do Pan em 2011, um ano antes de estrear na Olimpíada. Então, tinha apenas três categorias. O número aumentou para cinco na Rio-2016, mas continuou sendo três no Pan de Toronto. A falta de equiparação entre categorias masculinas e femininas - também pela falta de atenção ao boxe feminino - foi um dos motivos que levou o COI a suspender a Federação Internacional de Boxe Amador (Fiba), que perdeu o direito de organizar o boxe em Tóquio.

Campeã mundial naquele ano, Roseli Feitosa foi a primeira brasileira a subir ao pódio de Jogos Pan-Americanos, com o bronze em 2011. Em 2015, o Brasil só contou comBoxe Flávia Figueiredo, que teve o azar de estrear contra a norte-americana Clarissa Shields, hoje o grande nome do boxe profissional feminino - especula-se que ela vá migrar para o UFC para encarar Amanda Nunes.