Pan-2019: conheça a dinamarquesa por trás do ouro histórico de Ygor Coelho
Uma mulher está por trás da medalha de ouro de Ygor Coelho dos Jogos Pan-Americano de Lima. É dela que o brasileiro fala a todo momento, quase tanto quanto da família, que mora no Rio de Janeiro. Ela se chama Nadia Lyduch e não fala português. A dinamarquesa entrou na vida de Ygor em 2018 e teve papel fundamental no desenvolvimento do jogador de badminton.
Ygor já morava fora do país, na França, quando buscava um treinador para desenvolver o seu jogo a caminho da Olimpíada de Tóquio. Ele era destaque em campeonatos na América do Sul e encontrou o irmão de Nadia para pedir uma indicação. Foi então que Nadia e seu clube, o Hoejbjerg, apareceram.
"Eu gostei do projeto quando me falaram, mas, bem... Eu disse que não poderia fazer de graça", disse a treinadora.
Ygor não tinha condições financeiras para contratar a treinadora por conta. A ajuda veio do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). "Depois de 2016 nossa confederação perdeu apoio, e eu fiquei sozinho. Meu sonho é ser um dos melhores do mundo. Eu cheguei a ser número 30 do mundo sozinho. Estava realmente sozinho na caminhada para a Rio-2016. Aí chegou 2017, e eu não sabia o que fazer mais. Eu morava na França, hoje moro na Dinamarca, treinando no clube que ela conhece".
O Comitê Olímpico Brasil continua pagando para que a Nadia seja a técnica de Ygor. Ela chegou em fevereiro de 2018 e ficará com o atleta pelo menos até Tóquio. É mais que ser um técnico, é como ser um amigo e até família e pais", afirmou a dinamarquesa.
O atleta se mudou para Aarhus, na Dinamarca, no começo do ano e Nadia se transformou na família de Ygor por lá. Ela é até comparada ao pai, Sebastião, mentor do projeto na comunidade Chacrinha, onde o jogador começou no esporte.
"Ela tem uma forma de trabalhar diferente, é parecida com o meu pai, gosta de dançar", sorriu Ygor. "Ela mudou minha estrutura de jogar. Na Dinamarca tem atletas da minha idade, 27º do mundo e eu jogo a Liga Dinamarquesa e ganho deles. Estou aprendendo também com o COB como tratar do meu corpo porque eu venho tendo lesões, porque faço coisa demais", explicou.
Nadia fez Ygor ser melhor tecnicamente, mas pontua que o crescimento do atleta em relação a outros sul-americanos passa pela parte mental. "Primeiro é importante ter coragem de se manter lutando e suportar a pressão. Ele tem a coragem mental. Ele melhorou muito na parte de aguentar a pressão e focar no jogo quando se está lá. Acho que essa é a principal melhora dele. A força mental para continuar no jogo e se manter focado na tática e ele melhorou no último um ano e meio. Ele sempre teve, mas se desenvolveu mais", comentou a treinadora.
O apelido especial
Nadia não chama Ygor de Ygor. Para ela, é Ygordinho. "Eu não sou tão gordinho, mas é porque tudo que vem com 'inho' ela acha que é do Brasil: Ronaldinho, Robinho, Fernandinho. Aí ela colocou o apelido Ygordinho", explicou.
Nadia ri ao contar que não sabia o significado de 'gordinho' em português. "Ninguém me disse que significava uma pessoa gordinha. Claro que ele não é, mas eu acho que deveria estar escrito inclusive na camisa dele no lugar de Coelho", brincou.
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