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Brasil pode ser suspenso no ciclismo por soma de casos de doping

Provas do ciclismo de pista, como a Omnium, estão em andamento em Lima - Luis Acosta / AFP
Provas do ciclismo de pista, como a Omnium, estão em andamento em Lima Imagem: Luis Acosta / AFP

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Lima (Peru)

03/08/2019 04h00

O Brasil está ameaçado de ser suspenso como país no ciclismo devido a um número expressivo de casos de doping. Com boa parte dos principais nomes do ciclismo brasileiro de estrada envolvidos atingidos, a União Ciclística Internacional (UCI) estuda a possibilidade de tomar uma atitude semelhante à da Federação Internacional de Levantamento de Pesos (IWF), que chega a proibir a participação em competições internacionais de atletas de países com notificação de uso de substâncias proibidas.

"É possível que esse seja o caminho para um país com mais casos de doping, como o Brasil e outros países da América do Sul, incluindo uma potencial suspensão. Estamos trabalhando com as federações nacionais, incluindo o Brasil, para tentar reduzir esse números. Se tivermos muitos casos positivos, podemos suspender, sim, mas ainda temos alguns passos antes de uma medida assim radical", afirmou o presidente da UCI, David Lappartient, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Presente às provas de ciclismo de pista dos Jogos Pan-Americanos de Lima nesta sexta, o francês de 46 anos admitiu que uma das grandes preocupações da UCI no momento é o Brasil. "Mais de 75% dos casos positivos de doping estão localizados em cinco países da América do Sul, incluindo o Brasil. Então é realmente uma preocupação para nós e nós estamos trabalhando nisso. A UCI a Cycling Anti-Doping Foundation estão olhando especificamente para alguns países e um deles é sem dúvida o Brasil", revelou.

Lappartient ressaltou que a UCI e a agência independente que hoje cuida do combate ao doping no ciclismo, porém, precisam de agências antidoping nacionais fortes para reforçar a fiscalização. A reportagem então comunicou a ele sobre um episódio que aconteceu no dia 28 de julho, no Brasileiro Máster de Ciclismo de Estrada. Vídeos compartilhados em redes sociais mostram fiscais da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) chegando à competição e ciclistas literalmente saindo correndo. Os segundo e o quarto colocados da competição sumiram e sequer subiram ao pódio.

O presidente da UCI se espantou com a história. "Espero que a confederação brasileira a agência antidoping brasileira suspendam esses atletas, porque isso é algo inaceitável. Precisamos pegar os trapaceiros", cobrou.

Somadas, as listas de atletas suspensos pela ABCD, pela CBC e pela UCI têm 30 brasileiros com ganchos definitivos e outros quatro com provisórios. A relação conta com diversos atletas campeões nacionais e até mesmo um atleta flagrado na Olimpíada do Rio: Kleber Ramos, o Bozó.

Os consecutivos casos de doping fizeram a UCI banir a Funvic, única equipe profissional do Brasil que tinha chancela para competir internacionalmente. No ano passado, a CBC chegou a desconvocar todos os atletas da Funvic que iam para o Campeonato Pan-Americano como consequência da falta de confiança no trabalho da equipe. Em dois anos, ao menos sete atletas foram suspensos.