Brasileiro aproveita seu melhor momento em Pan rejeitado por tenistas
No dia em que foram divulgados os critérios de convocação do tênis para os Jogos Pan-Americanos, o mineiro João Menezes era apenas o quinto melhor brasileiro no ranking profissional. Com o evento rejeitado pelos tenistas que estavam melhor colocados no fim de maio deste ano, ele conseguiu a vaga que coincidiu com seu melhor momento na carreira e disputa a semifinal neste sábado, em Lima.
O vice-campeonato em um torneio e a semifinal em outro no circuito Challenger nas duas últimas semanas colocaram Menezes, de 22 anos, como número 2 do país no ranking da ATP. Mesmo trocando as quadras rápidas pelo saibro peruano, ele alcançou as semifinais vencendo o principal favorito, o chileno Nicolas Jarry, número 55 do mundo, por 7/5 e 6/4.
Se vencer a semifinal deste sábado, às 14h (de Brasília) contra o argentino Facundo Bagnis, jogará pelo ouro que foi conquistado por cinco brasileiros: Ronald Barnes (São Paulo-1963), Thomaz Koch (Winnipeg-1967), Fernando Roese (Indianápolis-1987), Fernando Meligeni (Santo Domingo-2003) e Flávio Saretta (Rio-2007). Além disso, a ida a uma final assegura sua vaga olímpica para Tóquio-2020, bastando se manter no top 300 - ele é o atual 212º da ATP.
Mas Menezes provavelmente não estaria em Lima caso Thiago Monteiro, Rogerio Dutra Silva e Thomaz Bellucci não tivessem dado preferência a seus calendários pessoais. Além deles, Guilherme Clezar também estava à frente do mineiro no momento em que os critérios foram definidos, e ele herdou a vaga como melhor brasileiro sub-23.
Campeões pan-americanos, Fernando Meligeni e Fernando Roese, que já dividiram comentários de tênis na TV pela ESPN, lamentaram a pouca atenção dispensada pelos tenistas brasileiros ao Pan e torneios entre países, coisas que ambos priorizaram na carreira - além do ouro no Pan, ambos foram semifinalistas em Copa Davis nos anos de 1992 e 2000.
"Eu tenho uma opinião muito clara sobre isso: acho que principalmente nós brasileiros em geral valorizávamos mais os Jogos Pan-Americanos e, de um bom tempo para cá, nós temos valorizado muito pouco competições por equipes", afirma Roese.
A corrida por pontos no ranking e a premiação em dinheiro - que não são distribuídos no Pan - tem esvaziado a disputa. Até mesmo os Jogos Olímpicos não são prioridade para todos os atletas, que poderiam usar a competição em Lima pela vaga em Tóquio-2020.
"Pelo fato de o tênis ser um esporte individual, estar tendo muita grana no circuito, tanto masculino como feminino, calendário apertado, está se perdendo um pouco disso, de se ter um carinho maior com essas competições por equipes. Eu sempre gostei muito desse tipo de competição, de Copa Davis. Olimpíada eu não tive a chance, mas se tivesse, teria disputado, ainda mais no tênis, que é um esporte com tão poucas chances de representar o país", completa o campeão de 1987.
Em Lima para acompanhar a sobrinha Carolina Meligeni, que está nas semifinais femininas, Fernando Meligeni compartilha da mesma opinião de Roese sobre a queda de atenção a competições como o Pan. E vai além, apontando que todo atleta que recebe alguma ajuda de governo, comitê olímpico ou confederação deveria ser obrigado a jogar.
"Eu joguei Pan e não joguei Pan. A minha visão é que se ninguém te ajuda, a decisão é 100% sua. No meu caso, quando eu não joguei o primeiro Pan que poderia ter jogado, eu tinha essa licença poética porque nunca a CBT me ajudou, nunca me deram nenhum centavo", afirma Meligeni.
"Agora, é muito fácil para um jogador pedir dinheiro e quando tem que jogar pelo país, não jogar. Agora o Brasil está dando Bolsa Atleta, eu jogaria. Se vai perder um torneio, dane-se, o Brasil está te ajudando", completa o medalhista de ouro em Santo Domingo.
Além de já estar na disputa por uma medalha - com a possibilidade jogar pelo ouro em caso de vitória ou pelo bronze em caso de derrota, João Menezes nunca havia tido um jogo transmitido pela TV antes do duelo com Jarry. Ele chegou a Lima pouco conhecido e saiu de quadra cumprimentado pelo próprio Meligeni em Lima, vivendo o maior momento da carreira quatro anos depois de ter jogado sem ser percebido em Toronto-2015.
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