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Pan 2019

Surfe no Pan acontece em cidade fantasma no frio do inverno peruano

Vista da cidade e da entrada para o local de provas de surfe do Pan - Karla Torralba/UOL
Vista da cidade e da entrada para o local de provas de surfe do Pan Imagem: Karla Torralba/UOL

Karla Torralba

Do UOL, em Lima (Peru)

03/08/2019 04h00

Lena Guimarães saiu da água para comemorar sua medalha de ouro no Stand up paddle nos Jogos Pan-Americanos com os dentes batendo e a boca roxa de frio. O inverno peruano tem sido rigoroso e os surfistas que competem sofrem com a água gelada, o vento e as fortes ondas da praia de Punta Rocas, no distrito de Punta Negra, onde acontecem as competições do esporte no Peru.

"Pra mim é horrível competir e treinar na água muito fria. É um fator a mais de dificuldade. Todo mundo fica nessa situação, mas a gente que vem de um país mais quente sofre mais", comentou a medalhista de ouro do Brasil.

Quem não tem a obrigação de estar ali como Lena e outros competidores evita o local nessa época do ano. O tempo seco e gelado do inverno peruano com a temperatura sempre abaixo dos 20 graus afasta os turistas e transformam a cidade em um local fantasma. Há dois restaurantes abertos, dois hostels e alguns poucos ambulantes fora do local de prova, onde só entram credenciados e pessoas com ingresso.

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Imagem: Karla Torralba/UOL
Sentada, Estela Matias oferece um pacote de salgadinho. A caixa de isopor está cheia e a vendedora ambulante explica que o normal é não ter ninguém por ali. Nem ela mesma.

"Estou aqui só por causa dos Jogos, porque está um pouco mais movimentado. Eu só venho vender as coisas por aqui no verão. No inverno eu procuro outros lugares, como exposições. No inverno aqui não tem ninguém, é como uma cidade fantasma", contou.

Ninguém mora permanentemente nas casas que ficam perto da praia. São residências frequentadas por seus donos na alta temporada. Agora, só há um ou outro caseiro cuidando de algumas propriedades para que os proprietários, de outras cidades peruanas, aproveitem novamente no verão.

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Imagem: Karla Torralba/UOL
Carlos Seballos é dono de um hotel e um restaurante em Punta Rocas há 27 anos e só foi possível conversar com ele por causa do Pan. Se não fossem os Jogos, o empresário não teria aberto seu comércio, que funciona só entre novembro e maio.

"É um impulso para um mês que seria morto para nós. Esperávamos um público a mais, mas está mais movimentado", disse ao UOL. As competições de surfe no Pan vão até domingo (04).

Lena - Ernesto BENAVIDES / AFP - Ernesto BENAVIDES / AFP
Imagem: Ernesto BENAVIDES / AFP
"Esses são os 15 dias mais frios do ano. Com os Jogos, temos mais movimento, porque no inverno não tem quase ninguém por aqui. Tudo está fechado na temporada de inverno. Punta Rocas, Ponta Negra... Tudo fica como um polo fantasma. Não tem movimento na parte sul. Os meses de verão que trazem vida. Tem surfistas, muita comida boa, muitos brasileiros", explicou.

A movimentação é de policiais que fazem a segurança e turistas que buscam algo a mais para comer que o oferecido dentro do local de provas. O silêncio na cidade é interrompido pela música que vem da festa do Pan e pelo barulho das ondas.