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Pan 2019

Finalista do Pan foi juvenil pouco badalado e já operou três vezes o joelho

João Menezes comemora vitória sobre o argentino Facundo Bagnis no Pan de Lima - Luis ROBAYO / AFP
João Menezes comemora vitória sobre o argentino Facundo Bagnis no Pan de Lima Imagem: Luis ROBAYO / AFP

Do UOL, em São Paulo

04/08/2019 04h00

Responsável por colocar o Brasil em uma final de Jogos Pan-Americanos depois de oito anos, o mineiro João Menezes vive hoje o melhor momento de sua carreira. A campanha em Lima talvez possa ser vista como surpresa para muita gente, se pensarmos nos obstáculos que já teve de contornar. Ele surgiu como o menos badalado de uma geração promissora no juvenil brasileiro e ainda passou por três cirurgias no joelho esquerdo que quase terminaram sua carreira.

Menezes fazia parte de um grupo que contava com Marcelo Zormann e Orlando Luz, uma dupla bem mais visada depois da conquista do torneio juvenil de duplas em Wimbledon e do ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude, em 2014.

Para afastá-lo ainda mais das manchetes, quando iniciou a transição para o profissional, o mineiro de Uberaba passou a ter problemas em seu joelho esquerdo. Precisou se submeter a uma cirurgia no menisco. Passado o período de recuperação, ainda sentia dores. Voltou a ser operado mais duas vezes.

O que deveria ser uma intervenção simples, o deixou fora das quadras 11 meses. O retorno foi gradual, viajando com preparador físico para torneios pequenos em países como Bolívia e Equador.

Decidiu então apostar numa mudança de endereço. Fora do Brasil, no caso. Menezes foi treinar na Espanha, na prestigiada academia do ex-tenista Galo Blanco, contemporâneo de Gustavo Kuerten e Fernando Meligeni. Lá treinava com apostas como o russo Karen Khachanov, atual número oito do mundo, com boa estrutura e torneios mais próximos de sua base.

Depois de treinar por 18 meses nesse centro, alegou motivos particulares para voltar ao Brasil, onde não há tenistas do mesmo nível daqueles com quem treinava e nem torneios com frequência para jogar.

As condições adversas para sua evolução não impediram Menezes de fazer em 2019 a sua melhor temporada, com o primeiro título de Challenger, além de um vice-campeonato e uma semifinal nesse segundo escalão do circuito. Dois dias antes de estrear no saibro do Pan de Lima, estava jogando em quadras duras nos Estados Unidos.

Enquanto isso, os companheiros de início de jornada, de cinco anos atrás demoram a se firmar entre profissionais. Marcelo Zormann teve de lidar com a depressão e parou de jogar. Orlando Luz também foi para a Espanha, mas ainda ficou longe de atingir qualquer expectativa que nele se colocava quando foi número 1 do mundo no ranking juvenil.

Discreto, sem o costume de dar entrevistas ou aparecer na TV - antes do Pan nunca havia tido um jogo exibido ao vivo. Quando aconteceu, era para mostrar a vitória mais relevante de sua carreira até aqui, contra o top 50 chileno Nicolas Jarry, que era o grande favorito ao título em Lima. Como bom mineiro, aproveitou para ganhar seu espaço aos poucos e ultrapassou no ranking profissional jogadores como Thomaz Bellucci e Rogério Dutra Silva. Agora é o primeiro tenista brasileiro com vaga encaminhada aos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.

Contra o chileno Marcelo Barrios, disputa o ouro com a chance de igualar o feito alcançado por Fernando Meligeni, em Santo Domingo-2003, e Flávio Saretta, no Rio-2007, com uma diferença: se ambos estavam em momentos finais da carreira, Menezes está apenas iniciando a sua trajetória.