Pan-2019: Traje de frio "trai" atletas brasileiros na maratona aquática
Os nadadores que caíram na água ontem na Lagoa Bujama, no Peru, para a disputa das provas da maratona aquática do Pan de Lima utilizaram um traje pouco comum: um macacão de manga longa. E pode parecer um detalhe sem importância, mas essa roupa acabou causando problemas para os brasileiros nas provas, principalmente no masculino, quando o país saiu sem medalhas.
Victor Colonese terminou a competição na 4ª colocação e faltou pouco para subir no pódio. O traje, utilizado pelos nadadores quando a água está mais fria, atrapalhou a técnica do nadador. "É um traje que muda totalmente o estilo de nadar. Ele prende o ombro e dificulta. O Brasil, por ser um país tropical, a gente dificilmente tem provas com temperatura de água tão baixa, então não tem o costume de usar. Eu acho que faltou adaptação com o traje para a medalha. Eu senti muito meu ombro. É um novo estilo nadar com esse traje. Ele prende muito o ombro e você tem que estar adaptado", explicou Victor.
"De como usa o ombro, tem técnica, tem vantagem e desvantagem. Tem grandes atletas não nadando bem com esse traje e tem atletas sem resultado expressivo, mas que quando coloca o traje nada bem. Então é questão de adaptação", completou.
Nos Jogos Pan-Americanos a temperatura da água estava em torno de 18 graus e nesse número o uso da roupa ainda não é obrigatório, só abaixo dele. No entanto, os atletas podem decidir se usarão ou não, porque além de esquentar, a roupa, feita de neoprene ajuda a flutuar mais. "Ele é mais fácil de nadar, então todo mundo acaba optando por usar o traje para se tornar uma prova mais igual para todos", ressaltou o nadador.
O tempo curto de adaptação dos brasileiros foi por causa de de extrema importância no calendário de provas dos atletas da natação do Brasil, o Mundial de esportes aquáticos, disputado há menos de um mês na Coreia do Sul. Lá, verão, ninguém precisou usar a roupa de frio.
Além da difícil adaptação, o outro brasileiro da prova, Allan do Carmo, sofreu com um rasgo na roupa, que aconteceu durante a prova. Na briga pelo pódio no momento do incidente, Allan acabou despencando posição por posição e terminou em 13º.
"No início eu estava me sentindo bem, mas do nada a minha roupa rasgou. E o primeiro e segundo começaram a abrir muito rápido de mim e eu sentindo entrar muita água na roupa. Na quinta volta eu vi que estava soltando e cada vez mais ela estava abrindo mais e abrindo mais. São acidentes que acontecem e acredito que foi no final da segunda volta fazendo o contorno que um chip deve ter passado e rasgado e só foi abrindo mais e entrando água. Eu tinha duas opções. Ou eu tentava terminar a prova ou eu subia e desistia. Eu optei por terminar e honrar a bandeira do Brasil e chegar do jeito e condições que me permitiram", comentou Allan, que também falou das dificuldades do traje.
"Nadamos poucas vezes com esse traje. Ele é mais pesado e não estamos adaptados. Normalmente é mais para prova de triatlo que nada 3 km e a gente que nada 10 km acaba prejudicando. Os atletas que sentem muito frio gostam porque não sofrem tanto no frio. Mas a gente que está acostumado no quente, a gente prefere o traje normal, que é o tecnológico", comentou.
Até que chegou ao pódio tem suas ressalvas à roupa. Viviane Jungblut definiu o uso como 'diferente'. "A prova foi forte, principalmente nos últimos 5 km, senti um pouco a última volta, foi diferente porque a gente usou o traje de borracha, mas acredito que deu pra fazer um bom final de prova e trazer uma medalha pro Brasil".
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