Brasileiro da pelota basca no Pan nunca veio ao país e nem fala português
A pelota basca é o esporte menos conhecido no Brasil entre aqueles em que o país tem representantes nos Jogos Pan-Americanos de Lima e o único atleta brasileiro na modalidade não nasceu e nunca esteve no território da bandeira que defende, além de não falar o idioma português e não ter passaporte brasileiro até as vésperas da viagem para a competição.
Filipe Otheguy tem 28 anos e nasceu em Biarritz, na França, filho de um francês chamado Paxkal Otheguy com a mãe Luiza Inácio, nascida em Fortaleza, no Ceará. E sua ligação com o Brasil é justamente a mãe, que o fez decidir representar o país em competições internacionais quando começou a praticar a pelota basca.
"Sou muito apegado ao jogo da basca pelota, que pratico desde jovem e também ligado ao Brasil pela minha mãe. Tive a oportunidade de defender o Brasil em dois Campeonatos Mundiais e uma Copa do Mundo", explicou ao UOL Esporte.
O esporte não tem representatividade no país, não tem uma federação ou confederação e tem suas únicas canchas oficiais em território brasileiro localizadas no Clube Athlético Paulistano, em São Paulo, sendo que boa parte de seus praticantes não tem idade para competir no Pan.
Otheguy compete na prova frontón manual, em que o atleta precisa rebater a bola com as mãos sem o uso de nenhum instrumento, diferentemente da raquete e do jogo com cestas, que também integram o programa pan-americano e não tem nem mesmo adversário brasileiro.
"Por enquanto parece que a pelota basca existe no Brasil somente pela associação SBPB (Sociedade Brasileira de Pelota Basca). Não há competição interna no Brasil", conta.
Residente na pequena cidade de Saint-Pée sur Nivelle, na divisa da França com a Espanha, região do País Basco, Filipe jamais esteve no Brasil, não tem conhecimento do idioma português e tem como única referência esportiva do país o futebol.
"Eu nunca tive a oportunidade de visitar o Brasil. Eu entendo português, mas não falo muito. Falo fluentemente apenas francês, espanhol e basco", explica. "Eu amo o futebol e especialmente o futebol brasileiro, sou fã da seleção brasileira", completa.
Com a volta do esporte ao programa do Pan em Lima - estava fora desde Guadalajara-2011 -, Filipe teve a oportunidade de ser o único representante do país, embora tenha corrido o risco de ficar de fora até conseguir um passaporte brasileiro às vésperas da viagem para a competição.
Para defender o Brasil, ele teve de providenciar um passaporte brasileiro, que era exigência do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e precisou ir até o consulado brasileiro em Paris. Depois de ter divulgado a lista de atletas confirmados no Pan, o COB chegou a tirar o nome dele de seu site enquanto aguardava a resolução.
"Foi um pouco complicado obter o passaporte e precisei ir ao consulado brasileiro em Paris. O que realmente me ajudou foi uma carta enviada pelo Sebastian Pereira (sub-chefe da Missão). Se não fosse a ajuda do COB, não sei se conseguiria vir", declarou o atleta ao site do comitê.
No Pan, Filipe Otheguy volta a competir nesta terça-feira, às 12h (de Brasília), contra o uruguaio Richard Airala e se despede do Pan caso não vença sua partida, mas pode entrar na briga por medalhas em caso de vitória. Sua estreia foi no domingo, quando perdeu para o mexicano David Alvarez por 10/2 e 10/0.
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