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Pan 2019

Brasileiros são prata no BMX mesmo sem terem onde treinar no Brasil

Paola Reis, do ciclismo BMX - Divulgação/@timebrasil
Paola Reis, do ciclismo BMX Imagem: Divulgação/@timebrasil

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Lima (no Peru)

09/08/2019 16h52

O Brasil mostrou sua força no BMX Racing nos Jogos Pan-Americanos nesta sexta-feira (9). Anderson Ezequiel e Paola Reis ganharam medalhas de prata, enquanto Renato Rezende e Priscilla Stevaux Carnaval ficaram em quarto lugar, ambos a uma fração de segundo do bronze. Isso apesar de não haver nenhuma pista no Brasil para acolher atletas de alto rendimento.

Até 2016 não havia nenhuma pista de BMX Supercross no Brasil. Naquele ano foram inauguradas duas: uma no Rio, em Deodoro, onde foram realizados os Jogos Olímpicos, e outra em Londrina, no norte do Paraná, perto da sede da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), localizada em Londrina. Mas as duas hoje são elefantes brancos.

"Até tem pista no Brasil, mas a gente não pode andar", diz Paola Reis, de apenas 19 anos. Baiana, ela recebeu o apoio da CBC para treinar no Chile quando chegou à categoria júnior, em 2017. Como as pistas de BMX Supercross são perigosas, elas só são permitidas para atletas júnior e adultos. Os mais jovens têm que correr nas pistas de bicicross, menores e mais lentas, populares principalmente no interior de São Paulo e do Paraná.

Prata na prova masculina, Anderson Ezequiel, o Andinho, de 23 anos, tem apoio do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para morar nos Estados Unidos, mais exatamente na Flórida, onde existem duas pistas de supercross. "Lá eu posso treinar na pista oficial a hora que eu quiser. "Era isso que faltava apara chegar no nível dos caras", avalia.

Paola, que nunca andou na pista construída para os Jogos Olímpicos do Rio, viaja mais cedo para as competições internacionais para poder se adaptar ao supercross e às rampas de largada, mais altas do que as do bicicross. Hoje a pista olímpica está fechada, sem nunca ter recebido as obras para deixá-la no chamado "modo legado".

Construída com recursos do então Ministério do Esporte e entregue seis anos depois do previsto, a pista de Londrina deveria ter um centro de treinamento da CBC, com espaços para treinamentos de força e indoor, uma ala para recuperação de atletas pré e pós-provas, como fisioterapia, vestiários, refeitório e auditório. A estrutura operacional, porém, é mínima e atualmente a pista só é usada por atletas de um projeto local.

"A dificuldade em Deodoro é a hospedagem, é um local de difícil acesso. Não adianta só levar o atleta para treinar. São coisas que estão no radar, a gente vem discutindo, mas é questão de a gente conseguir somar todos os fatores, dar condições de treinamento", explica Fernando Firmino, diretor de alto rendimento da CBC. Questionado sobre a utilização da pista de Londrina, ele disse não ter informações por estar só há três meses no cargo.

Apesar da falta de estrutura, o ciclismo BMX do Brasil vai bem. Andinho é o atual campeão do Campeonato Pan-Americano e foi bronze no Mundial do ano passado - no Mundial realizado há duas semanas, foi só o vigésimo. Paola chegou a ser quinta colocada em uma etapa de Copa do Mundo este ano.

Curiosamente, porém, se a Olimpíada fosse hoje, nenhum dos dois iria a Tóquio. Pelo ranking por países, o Brasil só teria direito a uma vaga olímpica no masculino e outra no feminino, para seu melhor atleta no ranking individual. Hoje, entre os homens, Renato Rezende é o 22º e Andinho o 27º. No feminino, Priscilla é a 15ª e Paola a 16ª. Julia Alves corre por fora, em 32º. Ela não veio ao Pan.