Altobeli é ouro e salva atletismo no dia em que os favoritos decepcionaram
Depois de quatro dias praticamente perfeitos no estádio de Videna, o Brasil teve um sábado de decepções no atletismo dos Jogos Pan-Americanos, salvo por um herói improvável. Pouco badalado ainda que tenha sido finalista olímpico no Rio, Altobeli Santos ganhou os 3.000m com obstáculos e faturou sua segunda medalha em Lima - a primeira havia sido a prata nos 5.000m.
O ouro compensou as frustrações. O público peruano não teve muita chance de aplaudir alguns dos principais nomes da equipe brasileira. Três dos principais nomes da modalidade no país saíram sem medalhas: o campeão olímpico do salto com vara Thiago Braz, o vice-campeão mundial indoor do salto triplo Almir Jr, e o recordista sul-americano dos 110m com barreiras Gabriel Constantino.
O Brasil ainda faturou outras duas medalhas, também com atletas menos badalados; Augusto Dutra foi prata no salto com vara e Eduardo dos Santos, o Du Trem Bala, ganhou o bronze nos 110m com barreiras. Outro que era candidato a azarão, Alexsandro Melo, o Bolt, saiu machucado da final do salto triplo, com o tornozelo esquerdo torcido.
Mas essa não foi nem a única nem a mais dolorida lesão brasileira no dia. Na prova que abriu a etapa, Gabriel Constantino liderava a final dos 110m com barreiras, para confirmar seu favoritismo, e tropeçou na antepenúltima barreira. Retirado da pista em uma cadeira de rodas e sem a sapatilha do pé esquerdo. Ele e Alexsandro foram levados à clínica da Vila Pan-Americana para passarem por exames, mas inicialmente não parece ser nada grave.
Cabelo cor de ouro
Criticado por colegas da delegação por conta do cabelo descolorido, Altobeli conseguiu uma medalha para combinar com o novo visual: dourada. Depois de faturar a prata nos 5.000m, ele disse que tinha como objetivo vencer os 3.000m com obstáculos, sua principal prova. E cumpriu a meta.
Fazendo uma prova claramente conservadora, em que ditou um ritmo lento, Altobeli disparou nos últimos 600 metros e não foi alcançado por ninguém. Terminou com o tempo de 8min30s73, um segundo e meio à frente do colombiano Carlos Sanmartin. O estádio vibrou com o bronze do peruano Mario Argandoña.
"Eu estava engasgado já com o ouro. Eu ganhei a prata, como vocês sabem, e essa prova é a minha principal prova. Na hora ali eu pensei: 'Eu vou pegar a ponta, vou começar a correr na frente e tentar fazer um ritmo mais forte para que os adversários não conseguissem (acompanhar)'. Foi o que eu fiz, deu certo", comentou o fundista, que já havia reclamado das poucas oportunidades abertas a ele para correr provas fortes no exterior. Agora, com um ouro e uma prata pan-americanas no currículo, deve ficar mais fácil.
Augusto é prata
Revelado em Marília (SP), de onde também sairia Thiago Braz, Augusto Dutra chegou a ser o recordista sul-americano até que seu conterrâneo começasse a voar. Ofuscado, fez três temporadas muito ruins em 2016, 2017 e 2018. Este ano, treinando com um novo treinador, Henrique Camargo, voltou a saltar bem. E, em Lima, conseguiu o resultado mais importante de sua carreira.
Passou o sarrafo a 5,71m e, com a prata garantida, preferiu não tentar 5,76m. Tendo 5,75m como melhor da temporada, arriscou para tentar ganhar o ouro e foi direto para 5,81m. Errou as três tentativas e ficou com a prata, derrotado apenas pelo norte-americano Christopher Nilsen, que é o quarto do ranking mundial.
Quinto nessa lista, depois de fazer em Mônaco a primeira boa exibição desde o ouro olímpico, Thiago Braz voltou a saltar muito mal. Passou 5,51m, mas foi eliminado quando tentou 5,61m, terminando na quarta colocação. Como comparação, ele ganhou o ouro olímpico saltando 6,03m.
Almir chora
Protagonista do atletismo brasileiro desde que saiu do ostracismo para ser vice-campeão mundial indoor no ano passado, Almir Jr fez uma competição ruim no Pan. Voltando de lesão, errou as passadas e apresentou resultados bem abaixo do que está acostumado. Mesmo assim terminou em quarto, com 16,70m, a 13 centímetros do cubano Andy Hernández, que ganhou o bronze. Na saída da prova, chorando, pediu desculpas pelo resultado.
A prova teve bom nível, com vitória do norte-americano Omar Craddock, que saltou 17,42m. Ele é o terceiro do ranking mundial. A prata foi para o cubano Jordan Fortún, campeão mundial sub18 em 2017 e sub20 em 2018. Em Lima, ele saltou 17,38m. O brasileiro Alexsandro Melo, que tem 17,31m na temporada, se machucou no terceiro salto e não continuou na prova. Terminou em oitavo.
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