Pan-2019 constrói pista de skate, mas fica sem a novidade olímpica
O Pan de Lima deveria marcar a estreia do skate como uma modalidade pan-americana. Mas uma série de divergências entre federações internacionais, incluindo aí a PanAm Sports, gerou o cancelamento das disputas quando só faltavam dois meses para o começo dos Jogos. Naquele momento, porém, as pistas construídas especialmente para o evento já estavam prontas.
Elas ficam na Costa Verde, como é conhecida a orla de Lima. Mais especificamente na região de San Isidro, que tem relativa independente administrativa. Entre a pista expressa e o mar fica um complexo com pistas permanentes de BMX Racing (que já está em seu terceiro ciclo olímpico) e de patinação velocidade (modalidade não disputada na Olimpíada). Entre elas, um bloco onde deveriam ser construídas três pistas para os Jogos Pan-Americanas.
Duas delas são de modalidades olímpicas: o skeet street (com escadas e corrimões) e o skate park (um fosso com rampas). A outra era para ser de BMX Freestyle, modalidade radical de manobras com uma bicicleta, mas o projeto foi abortado. O fosso está tampado e, segundo pessoas da organização, não tem previsão de ser aberto para o público. Uma outra pista provisória foi construída praticamente ao lado, sobre um platô permanente de cimento.
O plano de legado do Pan prevê que a prefeitura fique responsável por manter as pistas de BMX Racing, patinação e skate abertas à população, sem as arquibancadas, que são todas provisórias. Toda a estrutura permanente foi contratada a um custo 10,5 milhões de soles peruanos, o que dá cerca de R$ 12,2 na conversão do dia. Não existe um detalhamento de qual o custo de cada pista.
Prova seria esvaziada
As provas de skate do Pan foram canceladas diante da possibilidade de um boicote de países como Estados Unidos e Brasil. Em nota, a PanAm (antiga Odepa) explicou que a decisão foi tomada por seu Comitê Executivo porque não havia garantias de que o evento contasse com os melhores atletas do continente. Segundo a entidade, existem "certos conflitos" entre a confederação pan-americana e a federação internacional.
A briga é a mesma que explodiu no skate entre 2016 e 2017. Filiada à PanAm, a World Skate America era chamada de Confederação Pan-Americana de Patinação até o ano passado e, apesar da mudança de nome, continuou a ser comandada por dirigentes ligados à patinação. Quando o skate entrou no program do Pan, ela simplesmente assumiu como gestora dessa modalidade perante à PanAm.
No âmbito mundial, isso foi resolvido em 2017 com a fusão da Fédération Internationale de Roller Sports (da patinação, reconhecida pelo COI) e a International Skateboarding Federation (do skate), criando a World Skate e atendendo à demanda do pessoal do skate, que queria ter comando sobre a entidade que vai organizar a prova olímpica.
Mas, na América, a World Skate America não conseguiu solucionar esse entrave. No Brasil, a confederação filiada não é a CBSk, do skate, mas a CBHP, de hóquei e patinação. Quem comanda a World Skate America na América do Sul é o presidente da CBHP. Os skatistas brasileiros já afirmaram inúmeras vezes que não aceitam serem comandados pelo pessoal da patinação. Nos Estados Unidos há o mesmo problema.
A falta de solução e o risco de o Pan classificar atletas sem qualificação para a Olimpíada fez com que a World Skate retirasse do Pan o direito de ser uma seletiva olímpica. Além disso, a entidade internacional anunciou uma etapa do circuito mundial em Los Angeles durante o Pan, o que a PanAm entendeu como uma "falta de respeito" com os Jogos Pan-Americanos e com o comitê organizador Lima-2019.
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