O que Tóquio-2020 faz diante da onda de Coronavírus espalhada na Ásia
Enquanto se prepara para sediar os Jogos Olímpicos de 2020, o Japão lida com uma questão preocupante: a Covid-19 causada pelo Coronavírus. A doença que se espalhou pela China é sinônimo de apreensão para a maior competição esportiva do mundo, fazendo com que o comitê organizador de Tóquio-2020 já estabelecesse uma força-tarefa contra as possíveis consequências que a patologia possa causar ao evento.
"Medidas contra doenças infecciosas constituem uma parte importante dos nossos planos para sediar os Jogos de maneira segura e protegida. Para a questão do Coronavírus, o governo do Japão estabeleceu um comitê liderado pelo Primeiro Ministro e pretende prestar total atenção aos impactos do vírus também na Olimpíada. Além disso, Tóquio-2020 determinou uma nova força-tarefa com a liderança do CEO Toshiro Muto. Temos uma estrutura para atualizações periódicas entre a organização e o COI", declarou o Comitê Organizador de Tóquio-2020 em contato com o UOL.
Recentemente, o integrante mais antigo do Comitê Olímpico Internacional, Dick Pound, declarou que os organizadores da Olimpíada de 2020 têm cerca de três meses para decidir o futuro dos Jogos serão em razão do Coronavírus. O canadense ainda destacou que em caso de pandemia, o evento terá que ser cancelado.
Apesar da fala de Pound, o COI descartou a possibilidade de adiamento ou cancelamento dos Jogos até agora. Em nota enviada ao UOL, a entidade declarou que está monitorando a situação do Coronavírus ao lado do Comitê Organizador de Tóquio-2020 e mantém contato frequente com a Organização Mundial da Saúde e médicos especialistas.
Adiar, cancelar ou mudar a sede da Olimpíada não está nos planos dos organizadores de Tóquio-2020. "Não pensamos nisto. Não ouvimos falar sobre isto. Perguntamos e nos responderam que não existe tal projeto. A princípio, a ideia é celebrar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos da maneira como estão previstos. Tomaremos decisões estudando cada evento individualmente", declarou Toshiro Muto, diretor-executivo do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos.
Até meados da tarde de quarta-feira, o Japão tinha quase 170 casos do vírus semelhante à gripe, tirando os 691 relatados em um navio de cruzeiro em quarentena no litoral de Tóquio neste mês.
A OMS destaca que não tem o poder de cancelar um evento como a Olimpíada, mas está ao lado das entidades responsáveis pela organização da competição para orientar da melhor maneira e avaliar todas as consequências que a covid-19 possam ser acarretadas na Olimpíada.
"É importante lembrar que nunca há risco zero em qualquer reunião em massa. Os organizadores do evento precisam implementar uma estratégia de gerenciamento de riscos de forma adequada, para que as ameaças possam ser administradas com base na configuração da Olimpíada, no tipo de participantes, na localização e na duração", declarou Christian Lindmeier, porta-voz da OMS, ao UOL Esporte.
"As autoridades nacionais devem tomar decisões proporcionais e baseadas em evidências sobre esses tipos de problemas, de acordo com o risco avaliado na realização do evento em seu país. Da mesma forma, as empresas e outras organizações têm a liberdade de tomar suas próprias decisões segundo suas circunstâncias específicas", acrescentou Lindmeier.
O Comitê Olímpico do Brasil segue se preparando para a Olimpíada e monitorando as informações que chegam do COI e do Comitê Organizador de Tóquio-2020. Além disso, a entidade enviou um documento às Confederações Brasileiras com orientações aos atletas e comissões técnicas sobre transmissão, sintomas e tratamento do vírus. No momento, o COB não trabalha com a possibilidade de adiamento da competição.
Os Jogos Olímpicos serão disputados entre os dias 24 de julho e 9 de agosto.
Verão pode ser aliado das Olimpíadas porque enfraquece o vírus
Um aliado para a realização dos Jogos Olímpicos de Tóquio seria o clima. Na época do evento será verão no Japão e a estação ajuda a diminuir a propagação do vírus. De acordo com a professora doutora Ester Cerdeira Sabino, do Instituto de Medicina Tropical da USP, no inverno as pessoas estão mais suscetíveis a serem contaminadas por doenças como a covid-19.
"Essas epidemias respiratórias são mais comuns no inverno. A infecção acontece mais fora do verão. Pode ser que quando chegue o verão, o surto tenha diminuido. Apesar disso, é importante lembrar, de qualquer forma, que grandes eventos aumentam o risco de transmissão, até porque virão pessoas de todo o lugar do mundo, inclusive de países que estarão em estação mais fria na época da Olimpíada", declarou Ester ao UOL.
A médica ainda afirmou que tanto o COI quanto o Comitê Organizador de Tóquio-2020 têm uma escolha difícil pela frente. Segundo Ester, é complicado prever como estará a situação da epidemia de coronavírus em meados de julho, no Japão.
"É bem difícil a decisão do comitê organizador. Até 24 de julho já vai estar calor por lá e é muito complicado prever como vai evoluir. Mas a chance de transmitir a doença em qualquer evento grande, em que você tem muitas pessoas juntas no mesmo lugar, é enorme. Portanto, se o coronavírus ainda estiver em atividade na época da Olimpíada, a probabilidade de todos que estiverem no evento pegarem é grande", destacou.
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