Topo

Disney aposta em fator Globo por fusão Fox e ESPN no Brasil

Divulgação
Imagem: Divulgação

Gabriel Vaquer

Colaboração para o UOL

29/02/2020 04h00

Há mais de um ano, o grupo Disney vê impasse do futuro dos canais FOX Sports no Brasil e no México por conta da decisão dos órgãos reguladores locais em impedir a fusão com a ESPN (que já era de posse da Disney antes da aquisição da FOX). A decisão do órgão local mexicano em vetar a fusão dos dois canais esportivos no território mexicano foi até citada pelo CADE (Conselho administrativo de defesa econômica) brasileiro para a decisão de um ano atrás por aqui alegando monopólio de mercado.

Neste momento, o cenário no México e mais preocupante: ou a Disney vende o canal esportivo local da FOX, ou ele será extinto. No Brasil, ainda há expectativa pela decisão final do órgão regulatório, mas ao contrário do país da América do Norte, há possibilidade de aprovação de fusão, cenário que é a grande aposta da Disney para que não tenha que perder seus ativos. E, para isso, o fator Globo é utilizado na argumentação de que por aqui não há monopólio no segmento (leia mais abaixo).

No México, a Disney tem até maio para vender o FOX Sports, caso contrário suas atividades serão encerradas. Seus direitos (como a UEFA e a CONCACAF Champions League, o Campeonato Mexicano, além de jogos de baseball, esporte popular no país) e sua estrutura terão que ser vendidas separadamente. Já seus profissionais, cerca de 350 contratados, ficarão sem emprego.

Atualmente, a Disney negocia com duas empresas interessadas em comprar o Fox Sports México. Uma delas é a própria Fox americana, que continuou de posse do magnata Rupert Murdoch. A outra proposta é da AT&T, atual dona da WarnerMedia, que conta com a Turner, programadora dona da marca Esporte Interativo no Brasil.

No Brasil, no julgamento que definiu inicialmente que o Fox Sports precisava ser vendido em fevereiro de 2019, conselheiros do Cade usaram como exemplo para embasar seu ponto de vista justamente a decisão no órgão regulamentador do setor no México.

Vale lembrar, no entanto, que em novembro do ano passado, o mesmo Cade decidiu rever a fusão entre Disney e Fox no Brasil porque a Disney não conseguiu concretizar a venda. Desde então, conselheiros se reúnem com possíveis compradores — as propostas oficiais foram do grupo espanhol Mediapro e do DAZN.

Disney se baseia em fator Globo

A única diferença entre a situação do Fox Sports do Brasil em relação ao México chama-se Grupo Globo. Inclusive, é nele que a Disney se baseia e confia para que a situação no Brasil não tenha o mesmo resultado que teve no país latino.

A multinacional argumenta que não tem o poderio financeiro que a Globo tem no Brasil, principalmente em direitos de transmissão. A Disney diz que a Globo tem em seu portfólio os principais eventos nacionais de futebol, fora a boa relação com os clubes, e que é difícil adquirir torneios como a Copa do Brasil, por exemplo.

Outro ponto é a audiência. Em janeiro, o Cade quis saber se os canais Fox ganharam audiência após passarem para a Disney — com exceção do Fox Sports, canais como o Nat Geo e o Fox já são programados pela Disney. Índices de Ibope, confirmados por operadoras de TV paga, como a Sky, mostraram que em 2019, a Fox perdeu audiência se comparado a 2018.

Enquanto isso, o Grupo Globo teve quatro dos cinco canais mais vistos da TV por assinatura no Brasil — o primeiro deles foi, justamente, o SporTV. É com estes argumentos, além de um Governo Federal mais liberal a investimentos estrangeiros, que a Disney espera conseguir ter acesso a tudo o que o Fox Sports Brasil tem a oferecer.