Rafaela Silva pode estar em Tóquio, mas dirigente admite plano B
Medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, Rafaela Silva está com a participação na edição deste ano ameaçada. A judoca foi punida em 2019 com dois anos de suspensão por ser pega em um exame antidoping, realizado durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru. Hoje, a atleta estaria fora dos Jogos de Tóquio. A participação definitiva em Tóquio depende de julgamento na Corte Arbitral do Esporte (CAS), que ainda não foi marcado
Em entrevista à Agência Brasil, o gestor de Alto Rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Ney Wilson, acredita que a punição de Rafaela será revista. "Temos convicção de que foi bem injusta [a forma como Rafaela foi punida]. Acredito que possam rever isso, que ela tenha suspensão, mas que permita disputar os Jogos".
Na visão de Wilson, houve um exagero na suspensão. "Parece que, como é uma atleta medalhista, sempre é um grande exemplo de punição. Porém, dois anos é exagero. Não quer dizer que ela não deva ser punida, pois o atleta tem responsabilidade sobre tudo aquilo que coloca para dentro do corpo dele, mesmo que não seja intencional".
Se Rafaela não for absolvida pela Corte, o Brasil corre risco de não ter uma substituta na categoria até 57 quilos. Classificam-se direto para os jogos os 18 atletas mais bem colocados por categoria, sendo um por país. Ou seja, se uma mesma nação tiver dois judocas no top-18, o que vier na sequência no ranking olímpico — se for de nacionalidade diferente dos que estão à frente — fica com a vaga.
Atualmente, a segunda melhor brasileira na categoria é Ketelyn Nascimento, de 21 anos e 40ª do mundo, cerca de mil pontos atrás da chinesa Tongjuan Lu, que hoje é dona da última vaga olímpica direta na categoria. Ela será uma das representantes do país no Grand Slam de Ecaterimburgo (Rússia), que acontece entre os dias 13 e 15 de março e que dá, justamente, mil pontos à campeã. "Estamos trabalhando e acelerando o processo com uma atleta que era para o outro ciclo, fazendo uma competição atrás da outra para ver a possibilidade de ela entrar na zona de ranqueamento olímpico", explica Wilson.
Outra possibilidade é por meio de uma cota continental, uma "repescagem" para 100 atletas fora da classificação direta. O Brasil tem direito a uma dessas vagas, que hoje seria da categoria até 73 quilos, única sem brasileiros indo diretamente aos Jogos. Eduardo Barbosa, número um do país no peso, é o 35º do mundo e está em situação mais favorável que Ketelyn. "Se conseguirmos essa vaga direta, resgatamos a vaga de até 57 quilos pela cota, se for preciso", conclui o dirigente.
O teste realizado por Rafaela Silva no Pan deu positivo para fenoterol, um broncodilatador utilizado para tratamento de doenças respiratórias. Em setembro, durante entrevista coletiva, Rafaela afirmou que a contaminação pode ter ocorrido acidentalmente, em uma brincadeira com uma criança que fazia uso da substância. A judoca acabou perdendo a medalha de ouro conquistada em Lima por conta do doping.
Recentemente, o nadador Gabriel Santos — que corria risco de não competir nos Jogos após um exame antidoping realizado em São Paulo há nove meses detectar clostebol (agente anabólico) — foi absolvido pelo CAS e liberado para competir na seletiva olímpica da natação, em abril, no Rio de Janeiro. A Corte entendeu que Gabriel não teve culpa ou negligência pela contaminação. O atleta afirmou que teria usado uma toalha ou peça de roupa do irmão, cujo creme pós-barba continha a substância.
O Brasil esteve presente nas 14 categorias do judô olímpico nas duas últimas edições. A modalidade é a que mais rendeu medalhas ao país. São 22, sendo quatro de ouro com Rafaela Silva, Sarah Menezes, Aurélio Miguel e Rogério Sampaio, além de três pratas e 15 de bronze.
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