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Movimento de atletas exige fim de regra do COI que pune gestos políticos

Eric Reid e Colin Kaepernick ajoelham durante hino nacional dos EUA na NFL; gestp em discussão no COI - Mike McCarn/AP
Eric Reid e Colin Kaepernick ajoelham durante hino nacional dos EUA na NFL; gestp em discussão no COI Imagem: Mike McCarn/AP

DO UOL, em São Paulo*

15/06/2020 09h36

A posição do Comitê Olímpico Internacional (COI) de proibir que atletas se ajoelharem em apoio a protestos antirracismo é uma violação dos direitos humanos, disse a Global Athlete em uma carta divulgada no domingo. Por isso, o movimento de atletas exige o fim da regra que permite punições a manifestações políticas nas Olimpíadas.

"A recente declaração do COI e do IPC (Comitê Paraolímpico Internacional) de que atletas que se 'ajoelharem' sofrerão proibições é uma violação clara dos direitos humanos", disse a Global Athlete, um movimento internacional liderado por atletas que visa inspirar mudanças em esporte mundial.

"Atletas de todo o mundo ficaram impressionados com essa afirmação e exigem mudanças."

A regra 50 da Carta Olímpica declara que "nenhum tipo de demonstração ou propaganda política, religiosa ou racial é permitida em quaisquer locais, locais ou outras áreas olímpicas".

Os atletas que quebram as regras estão sujeitos a penas disciplinares analisadas caso a caso. O COI emitiu diretrizes em janeiro, esclarecendo que os protestos proibidos incluem o gesto que ganhou notoriedade com o jogador de futebol americano Colin Kaepernick.

Várias organizações esportivas importantes se movimentaram para permitir protestos em seus eventos após a morte no mês passado de George Floyd, um homem negro que morreu em Minneapolis depois que um policial branco se ajoelhou em seu pescoço.

O COI disse na semana passada que os atletas irão decidir a melhor forma de apoiar os principais valores olímpicos "de uma maneira digna", à medida que os pedidos para mudar as regulamentações que restringem os protestos nos Jogos Olímpicos aumentam.

"Mais uma vez, os atletas ficaram juntos e sua voz coletiva pressionou o COI a se posicionar e agora consultar os atletas na regra 50", acrescentou a Global Athlete.

"Os atletas dedicam anos de suas vidas para se qualificarem para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Se os atletas quiserem se manifestar, respeitando outros direitos e liberdades detalhados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, o COI deve adotar suas diversas opiniões", completou.

Para o movimento, o silêncio levou ao abuso. "Por muito tempo os atletas tiveram que escolher entre competir em silêncio ou defender o que é certo. É tempo de mudança. Todo atleta deve ter poderes para usar suas plataformas, gestos e vozes. O silêncio da voz do atleta levou à opressão, o silêncio levou ao abuso e o silêncio levou à discriminação no esporte", diz a carta do Global Athlete .

*Com informações da Reuters.