Gêmeas maranhenses são armas do rúgbi brasileiro para seguir na elite
O rúgbi está muito longe de ser um dos esportes mais populares no Brasil. Muitas pessoas nem imaginam que ele seja praticado por aqui. Cogitar, então, que a seleção brasileira feminina de sevens (na qual duas equipes de sete atletas se enfrentam em partidas com dois tempos de sete minutos) esteja indo para segunda temporada na elite mundial da modalidade e já esteja garantida para a segunda edição seguida dos Jogos Olímpicos poderia ser algo impensável. Mas esses resultados são todos realidade. E grande parte deles foi conquistada com a participação destacada de duas gêmeas maranhenses de 23 anos: as ponteiras Thalia e Thalita da Silva Costa.
"Temos um time muito bom. Podemos continuar incomodando muitas seleções nos próximos campeonatos. Só precisamos aperfeiçoar alguns detalhes com treinos", disse à Agência Brasil a atleta Thalia, na seleção desde julho de 2018. Para Thalita, que integra a equipe brasileira desde janeiro de 2019, o próximo desafio da equipe é melhorar o resultado conquistado pela seleção nos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro, a nona posição: "Temos resultados bons, nossa expectativa está bem grande e a ansiedade também. Queremos evoluir e ir melhor que o Brasil foi no Rio de Janeiro. Já joguei pela equipe de rúgbi XV e pela seleção de beach rúgbi. Estou bem ansiosa para estrear pelo time de sevens".
Atualmente, as duas são bem conhecidas no meio do rúgbi. Mas a entrada das irmãs no esporte acabou ocorrendo por acaso, no ano de 2017. "Estava no atletismo. Não conhecia o rúgbi. Mas um amigo insistiu tanto para irmos treinar, que acabei indo e gostei demais. Isso foi no início daquele ano. Minha irmã ainda demorou um pouco mais", diz Thalia. "Na verdade, já tinha perdido o tesão por esportes. Estava parada há muito tempo. Demorei uns seis meses para começar os treinos. E só continuei pela insistência dos técnicos. Mas depois acabei me apaixonando. Principalmente porque o rúgbi tem muito contato", declarou Thalita.
Daí, para as irmãs saírem de São Luís, no Maranhão, e partirem para Teresina, capital do Piauí, para jogarem no Delta, uma das principais equipes da modalidade, foi uma transição bem rápida. "Enfrentei o Delta com o meu ex-time, o Amaru, e o Carlos Marvel [técnico do Delta] me chamou e eu entrei no Super Sevens [primeira divisão do Campeonato Nacional]. Não escolhi o rúgbi. Foi ele que me escolheu. Um amor no primeiro contato", disse Thalia. "Quando vi, já estava treinando com mais foco, viajava em alguns finais de semana para Teresina e joguei todas as etapas do Super Sevens em 2018", afirma Thalita.
O talento das duas é reconhecido por uma das mais experientes jogadoras da equipe nacional, Baby Futuro: "Elas são duas figuras e superhumildes. Desde quando jogavam no Delta, já mostravam muito potencial. E na seleção, mesmo elas estando há pouco tempo no grupo, já se desenvolveram muito. A Thalia é bem leve. A Thalita, principalmente, é um pouco mais pesada, mais forte. Tem um trabalho de perna bem importante. As duas estão somando bastante à seleção".
Mais rápida do circuito mundial
Além de colaborar com os bons resultados da seleção, Thalia também recebeu uma premiação individual. Em abril desse ano, foi escolhida em votação popular promovida pela World Rugby (WE), entidade que administra o esporte em nível mundial, como a mais veloz do Circuito Feminino. A conquista veio com o try (jogada que dá o maior número de pontos na modalidade, objetivo máximo do jogo) contra a seleção do Canadá, no qual ela atingiu a velocidade de 31 km/h: "Foi uma conquista inédita para mim. Nem estava sabendo. Foi meu preparador físico que me contou. Quando saiu o resultado, fiquei muito feliz e preocupada também. Se antes eu já era perseguida em campo, agora que vou ser ainda mais".
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