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Família de Ângelo Assumpção cria vaquinha após ginasta ser demitido

O ginasta Ângelo Assumpção ganhou a mídia após denunciar demissão arbitrária do Pinheiros  - Esporte Clube Pinheiros/Divulgação
O ginasta Ângelo Assumpção ganhou a mídia após denunciar demissão arbitrária do Pinheiros Imagem: Esporte Clube Pinheiros/Divulgação

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/09/2020 10h58Atualizada em 02/09/2020 11h01

Familiares e amigos do ginasta Ângelo Assumpção criaram uma vaquinha para ajudar o ginasta após ele ser demitido do Pinheiros, clube onde treinava em São Paulo.

Ângelo está longe dos grandes centros de treinamento desde outubro do ano passado, quando foi afastado do clube paulistano por um mês depois de levar queixas à diretoria, passando por cima de seus técnicos. Assim que cumpriu a suspensão, o ginasta foi demitido.

Agora, aos 24 anos, ele se prepara para o sonho olímpico no quintal de casa, depois de 16 anos treinando no Pinheiros.

A vaquinha criada por pessoas próximas ao atleta tenta angariar R$10 mil para "pagar contas, necessidades básicas e alimentação" de Ângelo. Até o início da manhã de hoje, com pouco mais de 1 dia de campanha, foram arrecadados R$3 mil.

Na descrição da iniciativa, amigos enumeraram seus títulos na ginástica artística, incluindo o ouro na Copa do Mundo de Ginástica Artística, dias antes do episódio de injúria racial que marcou a carreira do ginasta, em um vídeo com outros colegas da modalidade.

"Em 2015, ele foi campeão da prova de salto da etapa de São Paulo da Copa do Mundo de ginástica artística, mas em pouco tempo a vitória deixou de ser a notícia principal. Dias depois do título, um vídeo foi publicado em uma rede social. Era o Ângelo sendo vítima de injúrias racistas por parte de três companheiros de seleção brasileira durante um período de treinamento em Portugal: Fellipe Arakawa, Henrique Flores e Arthur Nory", relembrou o texto da campanha.

Em um vídeo publicado ontem, cinco anos depois da polêmica, Nory admitiu que foi racista, chamou sua atitude na ocasião de "imbecilidade" e disse que "já passou da hora" de se desculpar, afirmando que se envergonha do que fez.

"Às vezes a gente demora pra fazer muita coisa na vida. Tô aqui porque já passou da hora de me expor pelas minhas próprias palavras, que não são as melhores, mas são as que eu to construindo. Ou melhor, desconstruindo", escreveu o medalhista olímpico, dizendo-se envergonhado pelo teor do vídeo.

Em suas redes sociais, na tarde de ontem, Assumpção compartilhou o link para a vaquinha e voltou a destacar a importância da luta pela igualdade.

"Fiquei sabendo a pouco que meus amigos/familiares, criaram uma vakinha no intuito de ajudar-me e agradeço a iniciativa. Sempre tentei resolver tudo sozinho e nem sempre precisa ser assim! Receber e ajudar é um ciclo da vida", escreveu.

"Passando para agradecer as mensagens de vocês mais uma vez, vocês são incríveis, entendem a importância da gente debater sobre esse assunto, que não é só dos negros e sim da sociedade. Então esse racismo estrutural a gente precisa tirar dessa estrutura da sociedade, é bom para todos nós. A gente precisa caminhar para o lugar certo, um lugar mais igualitário, um lugar onde todos tenhamos oportunidades de ser quem nós somos", falou o ginasta em seus stories do Instagram.