Em reta final de tratamento, Alice abandona peruca para encorajar mulheres
A apresentadora Alice Bastos Neves emocionou telespectadores ao comandar a edição de quinta-feira do Globo Esporte RS sem peruca. Em reta final de tratamento contra o câncer, a jornalista contou ao UOL Esporte que a ação tem como objetivo incentivar outras mulheres por meio de sua imagem.
Alice foi diagnosticada com câncer de mama no início do ano e decidiu, de cara, contar para os seus telespectadores que estaria nessa luta durante os meses seguintes. Com o mesmo espírito de conscientizar e trocar energias com as pessoas que a acompanham, a jornalista escolheu apresentar a atração sem a peruca.
"Quando ficou definido que eu teria que passar pela quimioterapia, eu decidi dividir com o público o que eu estava vivendo. Eu sabia que a quimio gerava uma mudança de aparência, as pessoas perceberiam a mudança do cabelo para a peruca, poderiam notar um abatimento meu ou algum dia que eu não tivesse legal...", explicou a apresentadora.
"Fiz parte do tratamento trabalhando em pandemia, o Globo Esporte não estava no ar. Quando o GE voltou, usei a peruquinha, porque foi um processo de aos poucos ir me acostumando com essa nova imagem... Primeiro totalmente careca, sem cílios, sem sobrancelha, algo realmente bem difícil, mas eu usava maquiagem e fazia o possível para me sentir bem com a minha imagem no espelho", acrescentou Alice.
O mês de outubro se aproximou, e a ideia de fazer uma série de reportagens sobre a importância do esporte na vida de mulheres que enfrentam o câncer de mama nasceu na redação da RBS TV. Alice, então, decidiu acrescentar uma surpresa no dia da estreia do novo quadro.
"Eu já não estava mais usando a peruca fora da TV. Aí veio a decisão de que, no dia do lançamento da série, eu faria o GE sem a peruca. Eu fiquei obviamente insegura, mas desde o início eu entendi que eu poderia usar a minha imagem e a influência que eu tenho entrando todos os dias nas casas das pessoas positivamente. E desde que eu fiz isso, que apresento sem a peruca, eu recebi muitos retornos positivos, no sentido de fortalecer e encorajar a autoestima das mulheres, quebrar alguns estereótipos que estamos acostumados, e vem sendo bem importante para mim", declarou a jornalista.
Para Alice, continuar apresentando o programa esportivo tem sido fundamental em sua batalha contra o câncer de mama.
"A quimioterapia é um tratamento muito pesado, muito difícil. Não queria parar de trabalhar porque sabia que o trabalho me faria bem durante o tratamento, é algo que eu amo fazer. E realmente me ajudou demais. Tiveram dias em que, nitidamente, a minha energia estava lá embaixo, e o que me fazia levantar era o Globo Esporte. Me fazia muito bem estar ali no estúdio, dentro de casa, mas logo que acabava ficava recolhida. Eu sou uma pessoa cheia de energia. Sou elétrica, não paro. Me sentia frágil... Não foi fácil", contou Alice, que decidiu se mudar para a casa dos pais durante o tratamento.
"Eu gosto muito de cuidar dos outros, e me sentir sendo cuidada também não foi simples. Me mudei para a casa dos meus pais para eles me ajudarem. Fui cuidada, mimada. Tenho o privilégio de ter pais presentes e maravilhosos. Mas o tratamento é realmente muito pesado, não sentia direito o gosto das coisas, fiquei enjoada... Realmente me sentia sem energia e fraca, porque as defesas da gente baixam muito. Muita gente fala que a quimio é um tiro de canhão para matar uma mosca, mas é do jogo", completou.
Reportagens cheias de trocas e emoção
A série de reportagens "Vitórias" vai ao ar todas as terças no Globo Esporte RS. Alice foi responsável por fazer todas as entrevistas e não teve como segurar a emoção em vários momentos de compartilhamento de energia e experiências.
"Conhecemos histórias lindas de mulheres inspiradoras. Atletas amadoras, atletas profissionais, mães de atletas... Foram realmente bonitas as trocas que tivemos... Foi um processo de muita identificação, e muitas vezes eu me emocionei ouvindo as personagens. Valorizei ainda mais essas trocas", disse a jornalista.
"Quando eu dividi com o público o diagnóstico, não queria mais falar sobre o assunto depois. Mas aos poucos comecei a entender que trocar, conversar é necessário quando se passa por uma situação como essa, e foi muito importante poder ter trocado com muitas pessoas", completou.
Segundo Alice, cada um enfrenta o câncer de mama como se sentir bem e forte. Ela já está na fase final do seu tratamento e já se considera uma vitoriosa.
"Se a pessoa se sente melhor com peruca, usa. Se sente melhor sem, não usa. A minha batalha está terminando de ser vencida com muita leveza, com energia o mais alta possível, sorriso insistente no rosto. Mesmo nos momentos mais difíceis, eu caia lá embaixo e voltava sorrindo, porque o sorriso me fez passar por isso de uma maneira melhor", afirmou.
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