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Ana Moser diz não ter mais paciência para discussões com Ana Paula Henkel 

Ana Paula passou de todos os limites, diz Ana Moser sobre ex-companheira de seleção - Lucas Seixas/UOL
Ana Paula passou de todos os limites, diz Ana Moser sobre ex-companheira de seleção Imagem: Lucas Seixas/UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/12/2020 12h56

Ana Moser relembrou os embates ideológicos com a ex-companheira de seleção Ana Paula Henkel durante o programa "(Pequeno) Grande Círculo", que será exibido na madrugada de hoje. Em conversa com Milton Leite, Marco Freitas e Marcelo Courrege, a medalhista olímpica afirmou que está conscientemente afastada dos embates.

"Dentro do contexto social, virei uma ativista social. Mas estamos falando de desenvolvimento humano. Meu discurso é refletindo isso. Tem outras personalidades que criam outros personagens em cima de outras estratégias de comunicação. Essa, que especialmente a Ana Paula usa hoje em dia, passou de todos os limites, dentro de uma estratégia de comunicação, de uma ideologia. E, muitas vezes, passa por cima de uma série de coisas. Hoje, sou uma observadora. Desde que a coisa perdeu um pouco o tom, percebi que não adianta bater boca na rede social porque ninguém está prestando atenção a não ser nas próprias bolhas", afirmou a atleta.

"Na verdade, ela fala para muito mais gente. Só ver o número de seguidores, ela chegou em um outro ponto. Essa estratégia de comunicação é clara. O que eu falo é que não adianta argumentar, tem muita pegadinha, parece que você precisa estar sempre reagindo a alguma coisa. Ela fala absurdos, e a gente tem que reagir em cima. Eu acho que não adianta ser reativo, só alimenta o outro lado", defendeu Ana Moser.

A atleta ainda afirmou que se sente angustiada com o cenário atual e que não se sente confortável de entrar nesse tipo de discussão. "São tiros e porradas para todo lado, causando a distração para as coisas importantes que estão nas entrelinhas, debaixo do pano. Nesse processo de uma crise que vem de vários anos, perdendo o muito de nossa riqueza e nossa autonomia. A minha angústia é muito essa. E quem não trata dessas coisas, eu não tenho muita paciência, muito foco. Porque acho que não leva a lugar nenhum. Quem quer conversar sobre defender nossas riquezas, de verdade, a gente conversa."

A ex-ponteira ainda defendeu uma maior proximidade de atletas para questões sociais, citando casos como Carol Solberg além do movimento "Black Lives Matter" nas quadras da NBA.

"Você traz essas questões para dentro do esporte. O esporte faz parte da sociedade, não tem como ficar fora. E você tem o próprio esporte dentro do país. A NBA se preocupar por uma causa como a vidas negras faz muito sentido. A casa da NBA já está muito organizada. Aqui, você ainda precisa organizar a casa. A participação dos atletas é importante para várias causas."

"Símbolos como a Carol Solberg são importantes. A discussão, mais do que se podia ou não falar, era porque tinha um contrato de ética, que obrigava certas coisas. Na verdade, se os não assinassem, não jogam, não existe. Discussão que não faz sentido. A discussão é esse código de ética e a participação dos atletas. E você tem o amadurecimento da participação dos atletas, cada vez melhor e em atletas em atividade."

Ana Moser ainda defendeu que os atletas hoje enfrentam cenários diferentes do contexto em que estava na ativa.

"Acho que vem até da própria formação das pessoas. Você falou de Isabel, Jaqueline, em uma época de voleibol amador. Elas vieram até antes de mim e tiveram brigas antes de mim. E traziam um posicionamento talvez levando menos em consideração todo o contexto de um esporte profissional que só veio acontecer depois, estava nascendo. Eu comecei amadora, virei profissional. A relação sempre foi outra. Eram outros tempos, não tinha mídia social, a interação era bem menor. As relações eram mais diretas, pessoais."

"O contexto de hoje não favorece o surgimento de pessoas que debatem mais, que se expõem mais. Hoje é muito mais sensível, interesses de patrocinadores, instituições. E você crescer aprendendo não a ficar em cima do muro, mas a não criar problemas", defendeu.

O programa completo será exibido a partir da 1h.