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Jornalista faz vídeo xenófobo contra Bahia e cogita encerrar canal: "errei"

Jornalista Aline Bordalo (e) em live com treinador do time feminino do Botafogo, Glaucio Carvalho (d) - Reprodução
Jornalista Aline Bordalo (e) em live com treinador do time feminino do Botafogo, Glaucio Carvalho (d) Imagem: Reprodução

Gabriel Vaquer

Colaboração para o UOL, em Aracaju (SE)

12/01/2021 12h00

A jornalista esportiva Aline Bordalo se envolveu em uma enorme polêmica nas últimas semanas. Em live realizada em seu canal de YouTube em 23 de dezembro com o técnico de futebol feminino do Botafogo, Gláucio Carvalho, ela fez um comentário xenófobo ao avaliar o duelo das cariocas contra o Bahia na semifinal do Brasileirão Feminino Série A2 - empate por 1 a 1 no duelo de ida, ontem, no Rio de Janeiro; a volta ocorre no próximo domingo (17).

"Tomara que [as jogadoras do Bahia] estejam bem baianas. Pensando assim: 'ah, vamos deixar o jogo para depois de amanhã'. Enquanto isso, a gente já está no 220V", disse Aline, aos risos. Já o técnico "lamentou" que o Carnaval não irá ocorrer este ano por causa da pandemia do novo coronavírus. "Infelizmente não vai ter, mas queria que tivesse, para elas começarem a pular Carnaval e esquecer a partida", falou Glaucio.

Torcedores do Bahia e apoiadores do futebol feminino se revoltaram com o tom da conversa e compartilharam o trecho da live em redes sociais. O assunto virou pauta em entrevista coletiva do time baiano e ganhou enorme repercussão.

"Aprendi que quando nos jogam uma pedra a gente devolve com uma flor e a maneira de fazer isso é mostrando que o Bahia é grande e tem capacidade de chegar lá e lutar de igual pra igual", comentou a meia Eddie, ao ser questionada sobre o caso na entrevista

"Passando pra deixar um recado: jogaremos como Baianas, como bem baianas e como o futebol tem que ser JOGADO! Garra, força, esforço, e intensidade não faltarão em campo", criticou a atacante Gadu em seu Twitter.

Com a repercussão, as redes sociais de Aline foram inundadas de críticas, o que fez a jornalista apagar sua conta no Twitter e trancar o Instagram apenas para pessoas mais próximas. O episódio pode mudar ainda o rumo profissional de Bordalo. Com passagens por Globo e Band, ela decidiu apostar no YouTube em uma cobertura dedicada exclusivamente ao Botafogo e agora repensa a continuidade do projeto.

"Sem dúvida, eu errei. E me arrependo muito disso. Nem sei se vou continuar com o meu canal", disse a jornalista de 44 anos em entrevista ao UOL Esporte.

Ela explicou que a live foi feita bem antes dela ganhar as redes. "O vídeo viralizou faz alguns dias. A live eu fiz faz duas semanas, falando do jogo de uma forma leve, mas acabei cometendo esse erro. Eu tive que apagar as minhas redes sociais, apagar tudo. Eu fiz uma postagem pedindo desculpas, mas mesmo assim continuei recebendo ameaças e comentários pesados. Eu realmente me arrependi, fui infeliz. Eu já morei no Ceará, tenho família na Bahia. Não tive a intenção de ofender.", explicou.

"Sou de outra geração"

Bordalo afirmou que tem passado dias muito difíceis e achou que fez o que lhe cabia no momento. Além da tristeza pela repercussão de sua fala, Aline Borlado também contraiu a covid-19 na mesma semana, o que, segundo a própria, deixou seu emocional ainda mais frágil. "Não é querendo me vitimizar, mas tem sido muito difícil", desabafou.

Depois que apagou suas redes sociais, Aline Borlado não viu nada do que foi falado ao seu respeito. Seu marido, o radialista esportivo Alexandre Araújo, vetou que ela acessasse alguma notícia sobre o caso por causa das crises de choro recorrentes de Aline. A jornalista nem mesmo viu a resposta das jogadoras do Bahia sobre o assunto.

"Ele [Alexandre] viu que eu estava ficando muito mal, de uma forma muito perigosa, e tem tentado me preservar", revelou. Aline finalizou dizendo que é de uma outra geração, onde este tipo de comentário era normalizado. Sem clima para fazer suas entrevistas no YouTube, ela deve deixar de produzir conteúdo para a sua plataforma.

"Eu sou de uma outra geração. Tenho 44 anos. A gente falava que carioca era malandro, por exemplo. Me arrependo muito disso. Fiquei muito abalada", concluiu.

Técnico: "fui induzido ao erro"

Também muito criticado pela fala preconceituosa, o técnico Glaucio Carvalho se pronunciou através de suas redes sociais. Ele argumentou que foi "induzido ao erro".

"Recentemente, participando de uma live com uma jornalista no YouTube, acabei sendo envolvido em uma situação delicada e fui induzido a um erro em não repelir o comentário. Sou filho de baiano da cidade de Caravelas e tenho muito orgulho disso. Gostaria de utilizar esse espaço para manifestar meu repúdio a qualquer tipo de preconceito. Não há mais espaço para isso na sociedade. Então, aproveito para me desculpar a todos que de alguma forma se sentiram ofendidos. Vou utilizar deste momento como aprendizado e reflexão".