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Presidente da FPF critica governo e não descarta acionar justiça

Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da FPF, em entrevista ao "Seleção SporTV" - Reprodução SporTV
Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da FPF, em entrevista ao 'Seleção SporTV' Imagem: Reprodução SporTV

Do UOL, em São Paulo

17/03/2021 15h00

O imbróglio entre Ministério Público, Governo de São Paulo e Federação Paulista de Futebol permanece. Após seguidas reuniões entre as entidades, o futebol paulista segue impossibilitado de retomar as competições esportivas seguindo as ordens da fase emergencial.

Em entrevista ao 'Seleção Sportv', o presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, criticou as medidas impostas pelo governo e Ministério Público.

"Recebemos com surpresa essa ordem do Ministério Público de permanecer paralisado o futebol. Primeiro precisamos esclarecer que o futebol sabe muito bem da situação que estamos vivendo. Não somos cegos, não somos negacionistas, a gente sabe que a situação é grave. Nós sempre defendemos a medicina e a ciência. O que deixou clubes, comissões técnicas e atletas indignados, que não foi uma decisão da ciência e da medicina. Foi para atender uma recomendação do Ministério Público. Essa paralisação não tem base científica. Apenas política", disse o presidente da Federação Paulista de Futebol.

O mandatário afirmou que a FPF buscará todas as alternativas possíveis para manutenção da competição e não descartou ir à justiça para buscar soluções.

"Não acho que o futebol esteja querendo passar por cima das ordens do governo. É óbvio que a justiça é a última das opções. Mas quem não teve um problema com um inquilino, um problema de uma batida de automóvel, um problema com o patrão, e não procurou a justiça para mediar? Nós vivemos em uma democracia. Procurar a justiça para encontrar solução faz parte da democracia. Não é o ideal. O futebol de São Paulo busca o diálogo sempre. Procuramos o Ministério Público e Governo diversas vezes para esgotar toda forma de diálogo. Justiça é a última opção e quando não houver nenhum outro caminho", comentou.

Reinaldo Carneiro Bastos lembrou que a Federação Paulista paralisou o campeonato do ano passado antes mesmo do decreto do governo do estado e afirmou que a tentativa de manter o calendário tem por objetivo preservar a vida e o emprego dos profissionais vinculados à FPF.

"Se vocês se lembrarem, em 16 de março, por orientação do comitê médico da Federação, médicos dos clubes, nós paramos o futebol antes do decreto do governador. Paramos antes do decreto porque entendemos que havia risco. Só voltamos quando o comitê médico em conjunto com os médicos dos clubes prepararam um rígido protocolo para o retorno das atividades. Todos nós somos obrigados a cumprir com nossos compromissos. Os nossos contratos. Não estou falando de contrato com os detentores de direitos. Estou falando de 48 clubes que possuem contratos com seus profissionais. Não podemos confundir as coisas. A gente fala muito em São Paulo, como se só existissem clubes grandes. A realidade não é essa. A grande realidade do futebol brasileiro são os clubes pequenos. O jogador desses clubes pequenos precisa do salário para sustentar a família. A gente não defende a manutenção das competições por conta dos clubes grandes. Nós queremos salvar a saúde financeira e física dos pequenos", disse o presidente.

Reinaldo Carneiro Bastos reiterou que a Federação Paulista de Futebol não trabalha com a hipótese de não cumprir com o calendário preestabelecido.

"Não há possibilidade do Campeonato Paulista não ser terminado. Não há qualquer impacto positivo nessa situação, apenas negativo. A Série A1 não depende da Federação nem dos clubes. Nós estamos atrelados a um calendário nacional e um calendário internacional, que não pararam. A grande dificuldade da Série A1 é a impossibilidade de decidir sozinho o seu calendário. Não é assim que funciona. Por isso, nós propomos ao Ministério Público e ao governo, testar todos os atletas, isolar, seja nos CTs ou hotéis. Testar antes e depois das partidas, nesse período da fase emergencial. Definimos protocolos extremamente rígidos. Mesmo assim, não foi aceito pelo Ministério Público, tampouco pelo governo do estado. Assim, estamos avaliando com cautela a alternativa de jogar em outros estados. Por enquanto, com muita cautela, e só após estar extremamente ajustados, governadores e prefeitos, é que daremos esse passo. Nesse momento, é o trabalho que estamos fazendo", completou.