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Ex-ministro vê acerto em paralisação: 'Futebol volta quando a vida voltar'

Dr. José Gomes Temporão, médico sanitarista, pesquisador da Fiocruz e ex-ministro da saúde - Reprodução / SporTV
Dr. José Gomes Temporão, médico sanitarista, pesquisador da Fiocruz e ex-ministro da saúde Imagem: Reprodução / SporTV

Do UOL, em São Paulo

18/03/2021 15h46

O imbróglio entre Federação Paulista de Futebol, Ministério Público e governo do estado de São Paulo permanece. A última reunião entre as entidades aconteceu na tarde de hoje e foi mantida a decisão pela não continuidade das competições esportivas no estado.

O Dr. José Gomes Temporão, médico sanitarista, pesquisador da Fiocruz e ex-ministro da saúde, foi o convidado da edição de hoje do 'Seleção Sportv' e falou sobre a decisão da paralisação do futebol no estado de São Paulo.

"As medidas dos governos de paralisar o futebol são medidas acertadas. O Brasil vive um momento de exceção. Estamos caminhando, rápida e perigosamente, para 300 mil mortes. Quando você analisa a questão do futebol, e eu sou apaixonado por esse esporte, é preciso analisar o contexto geral. O contexto mudou. Há uma disseminação muito rápida dessa nova variante do vírus. Já falamos várias vezes, o governo federal errou em muitas coisas, agora mudou o ministro e a vacinação vai em conta-gotas. Não tem nenhum sentido em um contexto como esse, de exceção, onde todos os setores estão fazendo sacrifício, insistir em manter a continuidade do futebol. É uma questão até do ponto de vista educativo e é até simbólico. O futebol tem que parar para sinalizar o respeito às pessoas que morreram e que estão sofrendo, e dizer para sociedade que o futebol está junto com essas pessoas. É um momento muito difícil para o Brasil. Temos que nos unir ao esforço da sociedade para tentar reduzir a circulação do vírus e evitar que o número de mortes aumente", disse o médico.

Questionado sobre o momento indicado para retomada do futebol após a paralisação, o Dr. José Gomes Temporão afirmou que tal possibilidade deveria estar distante de ocorrer.

"Agora é o momento de esforço para diminuir a circulação do vírus, aumentar o número de vacinados e reduzir a lotação dos leitos de UTI. Estamos vivendo um colapso sanitário. Muita gente está morrendo na fila de espera de um leito. Muitas mais irão morrer se nada acontecer, se medidas novas não forem tomadas. O futebol está dentro da cultura, da economia, das tradições e do coração dos brasileiros. O futebol precisa estar junto com os brasileiros. O futebol volta quando a vida voltar. Quando as pessoas puderem voltar a trabalhar e quando o transporte público puder a operar naturalmente, quando a pressão sobre o sistema de saúde reduzir e a cobertura da vacinação começar a subir. Só assim, o futebol poderia voltar", completou.

A Federação Paulista de Futebol desistiu de levar as partidas do Paulistão para outro estado e estuda levar o caso à Justiça para manutenção do campeonato estadual.