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Presidente do comitê médico da FPF defende protocolo: 'Controle absoluto'

Dr. Moisés Cohen, presidente do comitê médico da FPF, em entrevista ao "Globo Esporte" - Reprodução / TV Globo
Dr. Moisés Cohen, presidente do comitê médico da FPF, em entrevista ao 'Globo Esporte' Imagem: Reprodução / TV Globo

Do UOL, em São Paulo

19/03/2021 15h02

Após inúmeras reuniões entre Federação Paulista de Futebol, Ministério Público e governo do estado de São Paulo, o Campeonato Paulista está oficialmente paralisado.

A entidade que comando o futebol paulista chegou a estudar a hipótese de levar o caso à Justiça para manutenção do torneio, no entanto, a maioria dos clubes que disputam a Série A1 do Paulistão optou por não haver judicialização do caso.

Em entrevista ao 'Globo Esporte', o Dr. Moisés Cohen, presidente do comitê médico da FPF, explicou as razões pelas quais o futebol deveria continuar no estado de São Paulo.

"Os atletas, geralmente, são assintomáticos ou muito pouco sintomáticos. Esse é o perigo. Não podemos abordar no protocolo, e talvez o foco esteja indo para o lado errado, os casos de doentes. Somos muito sensíveis a esses tipos de casos. Nós não somos negacionistas como alguém quis colocar. Não estamos negando nada. Pelo contrário, estamos tentando, através da ciência, fazer a manutenção de algo, dando segurança para o atleta que talvez ele não tivesse nem na sua casa. Dentro da concentração, eles são submetidos a exames periódicos. Não queremos ser donos da verdade, mas ponderar algumas coisas que estão sendo mal interpretadas porque não conhecem o trabalho do que vem sendo feito. Obviamente, estamos aqui para seguir as ordens do Ministério Público, mas claro que temos que estar abertos para dar nossa opinião. Ao momento que nos convencermos que o futebol está fazendo mal para população, paramos na hora. Mas ainda não temos esse convencimento por tudo que já apresentamos", disse o médico.

O presidente do comitê médico confessou que o protocolo estabelecido não isenta o surgimento de novos casos., no entanto, a proposta de criar uma bolha para os atletas poderia diminuir a propagação do vírus entre atletas e membros das comissões técnicas.

"Não existe um protocolo que seja 100% seguro no mundo. Porém, o que nós tentamos fazer é fazer um protocolo com uma segurança máxima dentro da realidade que nós vivemos. Particularmente no futebol, por que que o protocolo é seguro dentro dessa fase emergencial? Nós não podemos contar e avaliar o protocolo pelas eventuais fugas do protocolo. Então, analisando o protocolo, a ideia que nós sugerimos ao governo do estado foi fechar esses atletas em bolhas, no mesmo formato que foi feito pela NBA. E esses atletas teriam acompanhamento médico o tempo todo e com exames realizados antes e depois das partidas. Desta forma, nós conseguiríamos diminuir muito a possibilidade de contaminação", comentou.

Moisés Cohen afirmou que o futebol não contribui para a proliferação do vírus e, segundo ele, os atletas e profissionais dos clubes, estariam mais seguros nas concentrações do que se estivessem em casa.

"Na Europa, os países fizeram lockdown muito mais rigorosos que o Brasil e ninguém parou o futebol. Eu desafio perguntar a porcentagem que os atletas de futebol contribuíram para o aumento de casos e a lotação das UTI's nos hospitais. Fazemos todo rastreamento de contato que está previsto no protocolo. Se o atleta não estivesse no futebol, teria espalhado o vírus sem ninguém ficar sabendo. Quando estamos falando em fechá-los em uma bolha, estamos fazendo uma amostragem daquilo que nós temos um controle quase absoluto. Gostaríamos de poder fazer isso com toda população. Mas infelizmente essa não é a realidade. Ainda que esteja contaminado, o paciente estará mais seguro dentro de uma concentração do que se estivesse em casa disseminando o vírus para familiares", finalizou.