Casagrande vê jogadores brasileiros 'alienados política e socialmente'
Comentarista do Grupo Globo, Walter Casagrande Jr. avaliou que os jogadores brasileiros são alienados política e socialmente. O ex-jogador entende que falta comprometimento em relação ao que acontece no mundo e citou Richarlison, do Everton (ING), e Igor Julião, do Fluminense, como exceções.
"Falta comprometimento ao jogador de futebol em relação à sociedade e ao que acontece no mundo. Movimentos antirracistas, vacina, homofobia e várias outras coisas para as quais a sociedade despertou e resolveu lutar contra com força e razão, estão sem a voz entre os ídolos do esporte, principalmente do futebol. Eu não vou usar a expressão "mais ignorantes", mas acho que são mais alienados", disse Casão em entrevista a ao blog Ancelmo.com, do O Globo.
"Tem exceções: vemos o Richarlison, por quem tenho uma admiração muito grande, e o Igor Julião, jogador do Fluminense, que eu também gosto muito. Mas é pouco. No universo do futebol, isso é quase nada. Os jogadores atuais são alienados politicamente e socialmente. Só pensam em ter, em ostentar e em comentar reality show em rede social, enquanto o Brasil está pegando fogo, sendo destruído", continuou o ex-jogador
Síndrome de Peter Pan
Na opinião de Casagrande, uma das principais causas do alienamento dos jogadores é o fato de a maioria deles ser infantilizada. O comentarista afirmou que a atual geração de futebolistas costuma agir como adolescentes, mas citou exceções como Filipe Luís, Thiago Silva, David Luiz e Willian.
"Acho que a maior parte dos jogadores é infantilizada. Quando fiquei internado um ano no meu tratamento de dependência química, passei a descobrir as síndromes que tinha desenvolvido ao longo da vida. E uma bem comum aos dependentes químicos é a "Síndrome do Peter Pan", aquela coisa de você se recusar a virar adulto, de sempre se comportar como um adolescente. Essa geração tem uma recusa muito forte de amadurecer. Vive no meio de um conto de fadas, que os tira totalmente do eixo", disse Casagrande.
"Neste caso específico, temos exemplos de jogadores que são mais maduros. O Willian e David Luiz (Arsenal), Filipe Luís (Flamengo), Thiago Silva (Chelsea)... temos vários jogadores brasileiros que entendem a realidade dos fatos, mas não se comprometem, e também não são obrigados a isso, que fique claro", complementou.
Democracia Corinthiana x Bolsonaro
Quando atuava, Casagrande participou do movimento que ficou conhecido como Democracia Corinthiana, no início dos anos 1980, que apoiou causas políticas como as Diretas Já. O ex-jogador acredita que se uma ação parecida acontecesse nos dias de hoje, o presidente Jair Bolsonaro seria um grande inimigo.
"Certamente a Democracia Corinthiana seria um dos principais inimigos públicos do Jair Bolsonaro. Se aquele movimento acontecesse agora, com as mesmas pessoas daquela época, nós íamos bater de frente mesmo, nos manifestar em campo, escrever na camisa incentivando as pessoas a usarem máscaras, se vacinarem e respeitarem o isolamento social", declarou o comentarista.
"Ia ser um peso, pois lutaríamos para proteger a nossa democracia, coisa que este cara tem como objetivo destruir. Ele já está se comportando como um ditador. Por mais que a Justiça tenha suspendido a investigação em que o Carlos Bolsonaro tinha denunciado o Felipe Neto, enquadrar as pessoas com a Lei de Segurança Nacional por ser chamado de genocida é antidemocrático. É censura e um comportamento de ditadura. Parece que estamos vivendo em uma ditadura bolsonarista", finalizou.
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