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Atleta que morreu de covid foi para o triatlo aos 30 para tratar obesidade

Fábio Torrecillas ficou dez dias intubado na UTI com covid-19 - Arquivo Pessoal
Fábio Torrecillas ficou dez dias intubado na UTI com covid-19 Imagem: Arquivo Pessoal

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

22/03/2021 14h04

O triatleta Fábio Torrecillas, de 40 anos, que morreu sábado (20) com covid-19, em Maringá, no Paraná, iniciou a carreira no esporte após enfrentar problemas com o próprio peso. De acordo com a família, após superar mais de 100 kg aos 30 anos, o atleta viu na atividade física uma maneira de escapar da obesidade.

O esporte apareceu na vida de Fábio depois de conseguir uma vaga para treinar na Vila Olímpica de Maringá, iniciando com a natação, partindo para o ciclismo e chegando às maratonas de rua. Inserido nas três modalidades, o triatlo virou consequência.

"Ele não era atleta, não praticava nada. O Fábio, desde o início, buscou a qualidade de vida em primeiro lugar. Foi isso que pregou a vida inteira, servindo de exemplo de superação para pessoas que estavam obesas na região. O triatlo é um esporte completo e como praticava as três modalidades que o compõe, acabou se inserindo no meio", comentou o marido, o empresário Adilson Batista, de 55 anos.

A dedicação de Fábio deu frutos pessoais. Ele conseguiu completar por três vezes seguidas o Ironman Brasil - maior circuito de triatlo da América Latina. Tendo o ciclismo como a especialidade, disputou as 1001 Milhas de Ciclismo, na Itália; a Paris-Brest-Paris, prova de 1,2 mil km, na França; e a Londres-Edimburgo-Londres, de 5,5 mil km, entre Inglaterra e Escócia.

Fábio Torrecillas era triatleta e morreu de covid-19 - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Fábio Torrecillas era triatleta e morreu de covid-19
Imagem: Arquivo Pessoal

Fábio atualmente se preparava para a Travessia do Leme ao Pontal, de mais de 30 km de natação, no Rio de Janeiro, no primeiro semestre. O sonho do atleta era atravessar o Canal da Mancha, um percurso de natação de 33 km, entre França e Inglaterra.

"Ele se preparava de seis a oito horas por dia para provas de grande porte. Acordava às 4h e partia para o treino na Vila Olímpica. Antes de falecer, estava retomando as atividades aos poucos por causa da pandemia que fechou o centro de treinamento, e se dedicava cerca de duas horas diárias", contou Batista.

"Covid-19 não mata apenas idosos"

Com histórico de triatleta, a agressividade da covid-19 surpreendeu os familiares de Fábio. Ele teve 75% dos pulmões comprometidos pela infecção na tomografia realizada antes de intubação.

"Quero que fique o alerta para essa juventude que imagina que a covid-19 está matando apenas os idosos, obesos ou do grupo de risco. O Fábio não tinha nada de comorbidade e em um curto espaço de tempo teve o pulmão muito comprometido. Isso porque era um triatleta preparado. Que os jovens pensem antes de fazer reunião em casas de amigos, pois também são vítimas potenciais", alertou o marido.

Triatleta passou dez dias intubado

Fábio Torrecillas morreu ontem no Hospital Paraná, em Maringá, depois de passar dez dias intubado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) após testar positivo para o novo coronavírus.

De acordo com a família, Fábio teve o diagnóstico confirmado para covid-19 em 2 de março. Em apenas cinco dias após o teste, o triatleta teve 75% dos pulmões comprometidos pela infecção e precisou de internação. A intubação ocorreu em 11 de março.

O triatleta foi enterrado ontem, na cidade onde a família mora, em Mandaguari (PR). A perda da luta contra a covid-19 gerou comoção de amigos e simpatizantes do esportista nas redes sociais.