#TBTdoFutebol: O gol mais bonito que Ronaldinho Gaúcho (quase) marcou
É mais fácil contar as estrelas do que os golaços de Ronaldinho Gaúcho, o homem que mais matriculou zagueiros em aulas acidentais de samba. Aqui, porém, relembramos um "não gol" dele: oito segundos de magia dias após ter sido chamado de gordo. O UOL volta no tempo para 25 de fevereiro de 2007.
O Brasil vivia o pós-Carnaval, e o Banco Central tentava fazer o dólar subir (pois é!). O mundo esperava ansioso pelo lançamento do Playstation 3, e na Espanha Ronaldinho tirava o Athletic Bilbao para passear: três zagueiros na saudade, um lance espetacular e a bola na trave dolorida.
Naquela temporada esperava-se muito de Ronaldinho e do Barcelona, então campeão espanhol e europeu, mas a fase era ruim. O time tinha perdido o Mundial para o Inter, de Gabiru e cia., vinha capengando e vivia dias difíceis: perda da liderança da Liga e complicado nas oitavas da Champions.
R10 esteve no centro da polêmica. Foi criticado pelas atuações do time e até acusado de estar acima do peso, ainda que tivesse sua melhor média de gols no Espanhol em toda a passagem pelo Barça (16 em 19 jogos). Daí que o craque parecia mordido ainda antes de a bola rolar...
Era a 24ª rodada do Campeonato Espanhol. O Barcelona disputava a liderança, mas dividia as atenções com as oitavas de final da Liga dos Campeões. O Athletic estava ameaçado pelo rebaixamento. Naquela noite de domingo, Ronaldinho Gaúcho daria um show para quase 65 mil pessoas no Camp Nou.
Logo no começo do jogo, Ronaldinho já tocava de calcanhar e balançava na frente do marcador como se a vida fosse pura diversão e nada mais. Um passe sem olhar, um cruzamento certeiro (gif abaixo), mais uma assistência e pronto: 3 a 0 Barça no intervalo. Mas ainda era só um prelúdio do que viria.
13 minutos do segundo tempo, e o jogo já resolvido. Eto'o escorou de cabeça, um passe que não saiu perfeito e, por isso, deu a impressão de que a bola estava em disputa. Não estava. Começavam ali oito segundos de demonstrações de um talento que quem viu Ronaldinho Gaúcho jamais pode esquecer.
Só oito segundos, tempo suficiente para quatro dribles com 11 toques na bola. O chute, o último desses toques, foi o único com alguma imperfeição: a bola encobriu direitinho o goleiro Aranzubia, mas um toquinho não deixou ela entrar. Por outro ângulo:
Com jogo rolando e tudo, a transmissão da TV espanhola repetiu o lance cinco vezes em quatro minutos, de tudo quanto é ângulo. E tá errado? Não tá. Esse replay aqui é de cinema:
Sobre as vítimas: o primeiro coitado atende pelo nome de Josu Sarriegi, que tentou um bote inocente demais. Depois foi a vez de Unai Expósito, que de tanto hesitar acabou se atrapalhando. Por fim, Andoni Iraola foi seco no corte e ficou para trás. Só Aranzubia e o travessão estragaram a brincadeira.
Depois do drible, Ronaldinho deu mais passes sem olhar, uma sambadinha em cima da bola e uma sequência de dribles combinando com Messi (pois é, nós éramos felizes e sabíamos muito bem, né?!). O tal Expósito, pobre infeliz, foi o mais maltratado.
Ronaldinho também perdeu um gol inacreditável e ainda mandou uma falta no travessão, mas a esta altura, 3 ou 4 a 0 já não tinha muita diferença mesmo. O Barcelona venceu, retomou a liderança do Espanhol, e o Bruxo ainda tirou a camisa para mostrar que não estava gordo coisíssima nenhuma.
Ronaldinho, em entrevista sem camisa na saída de campo
De certa forma o "não gol" é uma alegoria daquela temporada do Barcelona: as coisas até apontavam para a direção certa, iam funcionando como já estávamos acostumados a ver, mas no final tudo dava em frustração. O time foi vice-campeão espanhol nos critérios de desempate e não levantou taça nenhuma.
Para o Bilbao, ao contrário: o desastre que se anunciava em alto e bom som acabou apenas beijando a trave. Foi a pior campanha da história do clube no Campeonato Espanhol, mas o rebaixamento foi evitado na última rodada.