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Jovem que nasceu sem braços ganha torneio e quer ser profissional de surfe

Richard Petterson Dias Barbosa surfa no litoral de São Paulo - Arquivo pessoal
Richard Petterson Dias Barbosa surfa no litoral de São Paulo Imagem: Arquivo pessoal

Simone Machado

Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)

23/05/2021 04h00

Apaixonado por esportes, o estudante Richard Petterson Dias Barbosa, de 18 anos, nunca deixou que a deficiência o impedisse de fazer alguma atividade. O jovem, que nasceu sem os dois braços por causa de uma amelia bilateral, doença congênita que consiste na ausência dos membros superiores, pratica capoeira, judô e jiu-jítsu, modalidade pela qual foi campeão sul-americano na categoria para paratletas em 2016. Agora, ele também é surfista.

Com o calendário escasso de competições no jiu-jítsu devido à pandemia da covid-19, Richard passou ao surfe. Há um mês treinando no esporte ele conquistou o primeiro lugar na categoria júnior em um campeonato amador de surfe, realizado no sábado, em Itanhaém (SP), competindo contra atletas sem deficiência.

“Sou muito inquieto e não consigo ficar sem praticar um esporte. Com a pandemia as aulas de luta foram suspensas e passei a procurar outra modalidade. Foi aí que um amigo que é professor de surfe me chamou para tentar. No começo deu um pouco de medo, mas sempre gostei de encarar desafios”, conta Richard.

Segundo ele, a principal dificuldade no começo na modalidade foi na hora de dropar, quando o surfista desce uma onda da crista até a base. Mas com muito treino o desafio foi superado. “Hoje é tranquilo. Consigo fazer e raramente levo um caldo”, diz.

Quem está ajudando o jovem no esporte é o surfista e professor da modalidade Carlos Eduardo Ribeiro. Segundo o técnico, a maior dificuldade enfrentada por Richard foi em manter o equilíbrio no momento em que ele precisa mudar da posição na prancha: de sentado para em pé.

“Aproveitamos que ele já tinha uma base de movimentação corporal devido ao jiu-jítsu e adaptamos alguns movimentos que ele faz na luta para auxiliar no equilíbrio e desenvoltura dele na prancha. Ele evoluiu muito rápido no esporte. O Richard foi uma grande surpresa para gente. Hoje ele usa uma prancha profissional, como a de qualquer outro surfista, sem precisar de nenhuma adaptação”, explica Carlos.

Agora que pegou gosto pelo novo esporte, Richard quer ir além. “A gente é capaz de tudo o que quisermos é só se esforçar. Agora é continuar treinando forte para a próxima competição. Quero me tornar profissional no esporte”, conta.